sábado, 10 de novembro de 2012

Para entender o fascínio de todos pelo BRT carioca

Uma simpática cidade interiorana era um sossego. Ela era tão isolada que não tinha energia elétrica e nem telefone fixo. As ligações eram por celular, graças a moradores que traziam de outros lugares. Eram celulares de tecnologia atrasada, mas serviam naquela cidade sem linhas telefônicas. Não tinha televisão e as notícias chegavam através de rádios de pilha.

A cidade produzia seu próprio alimento, que era para consumo próprio. Se não havia fartura, não havia carência. Todos se alimentavam adequadamente com o que a cidade conseguia produzir.

Não havia a necessidade de grandes transportes, pois a auto-suficiência da cidade e o seu pequeno tamanho (o que encurtava qualquer distância), dispensava a utilização de qualquer tipo de transporte.

Um dia, a cidade entrou em polvorosa. Um morador de uma cidade vizinha, mais desenvolvida, teve que visitar a pacata cidadezinha para negócios com comerciantes locais e apareceu com uma charrete de madeira, puxada por um burrico. Toda a população ficou pasma e correu até a praça principal para ver a novidade. Uma carroça! Sim, uma carroça, o que significaria um grande avanço para aquela cidadezinha humilde!

As pessoas queriam saber como funcionava aquele troço. Puxado por um burrico? Como faria para ele andar? Davam comida a ele? Como ele sabia o destino certo? O cocheiro indicava? Eram muitas perguntas para uma população que nunca tinha visto uma carroça e se impressionou com a novidade. 

Todos ficaram ao redor da carroça e do burrico (este, obviamente assustado com a multidão curiosa) até que o seu responsável tivesse voltado, após encerrar a sua conversa com os comerciantes. Prometia voltar para novos negócios e também para tentar abastecer a cidade com novos produtos.

A prefeitura da cidadezinha gostou e implantou nela uma fábrica de carroças, aproveitando os burricos que nada faziam além de pastar nos matos das fazendas da redondeza. Com as carroças, a cidade pode se ampliar , favorecendo a construção de mais casas por um raio longe da praça principal.

E com isso as carroças fazem até hoje a alegria dessa pequena cidade, se tornando a grande novidade que ela conseguiu alcançar.

É uma prova de que muitas coisas implantadas como "avanço" e "novidade" nos lugares onde vivemos, na verdade estão obsoletas e atrasadas em outras localidades, já acostumadas há décadas com tais coisas.

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