quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Enganar busólogos não pode, mas enganar usuário, pode numa boa, não é?



A padronização visual está dando muita dor de cabeça para quem quer pegar ônibus nas cidades em que isso foi imposto. No Rio, as coisas estão ainda piores, já que além de dificultar a identificação dos ônibus através das pinturas, a prefeitura ainda teve que mudar o código de várias linhas, aumentando a confusão.

Para piorar, não se sabe se é proposital ou não, muitos ônibus, mesmo de empresas de nível como a Real, estão rodando com as bandeiras digitais parcialmente apagadas, como se estivessem pifando. Isso além do aumento na quantidade de veículos pifados ou envolvidos em acidentes e da imensa demora na espera de algum ônibus. Coisas que os alucinados fãs do novo sistema do transporte carioca não conseguem enxergar, já que acham que os "cavalos de Tróias" do BRSs e BRTs irão melhorar o sistema como um todo.

Mas alguns que são contra esse sistema, resolveu, para tentar amenizar a decepção com o sistema, de fazer montagens virtuais de novos veículos com as pinturas personalizadas de cada empresa, para imaginar como ficariam esse veículos se a medida autoritária não tivesse sido imposta.

Mas os busólogos pelegos, que defendem o sistema - provavelmente de olho em algum cargo no governo ou prefeitura ou até mesmo em uma carreira política - argumentaram que as montagens não deveriam ser publicadas na internet porque "causariam uma confusão na historiografia de cada empresa". Para eles, muitos busólogos que não conhecem as empresas do Rio ficariam confusos.

Ah, então é assim. Busólogo não pode ficar confuso. Mas usuário pode. Muita gente pegando o ônibus errado ou ter que arregalar os olhos para tentar identificar os ônibus desejados, além de muita gente que se atrapalha ao tentar pegar algum carro estando com pressa, isso é permitido e até louvável, não é? Tudo para manter o modismo dos ônibus de uma cara só.

Padronização é anti-democrática

Padronizar, uniformizar, em qualquer setor, é uma característica de ditaduras. Quem não gosta de dar benefícios a todos sempre coloca uma fardinha ou estipula padrões - na vida afetiva acontece muito - para que apenas uma minoria que siga as regras estipuladas seja beneficiária de direitos mínimos.

O racismo nasceu da padronização. A homofobia também. Preconceitos nascem da rejeição a quem não satisfaz padrões.

Os defensores desse novo e falho sistema dos ônibus do Rio não querem que a população seja bem servida. Para eles, apenas a estética dos belos BRTs e BRSs já basta para deixar a população feliz. Até que o primeiro minhocão quebre no meio do caminho.

Perguntar não ofende

Uma pergunta que até agora ninguém fez, e que faço agora: qual a vantagem de colocar uma pintura só em todas as empresas de ônibus? Só valem respostas convincentes, viu?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Queremos sangue novo na busologia carioca

Comparando a busologia carioca com a busologia soteropolitana, ultimamente tenho notado uma evolução na segunda e uma decadência na primeira. Pensando bastante, acabei chegando a uma conclusão: a busologia soteropolitana se desenvolve graças a mentes novas que surgiram por lá.

Gente como Eduardo Lima, Daniel Brito, Rodrigo Vieira, Franz Hecher, Ícaro Chagas, Felipe Pessoa de Albuquerque e muitos outros, são bem mais novos que eu e têm levado novas ideias para a busologia da capital baiana, unindo a admiração pelos veículos coletivos a preocupação com a qualidade dos serviços oferecidos pelos mesmos, com direito a debates inteligentes e soluções coerentes com a realidade de Salvador. E os busólogos mais veteranos praticamente sumiram, já que pouco faziam para a busologia soteropolitana se desenvolver. Hoje o "sangue novo" faz a busologia soteropolitana acelerar a um milhão por hora.

E a busologia carioca? O que ela está fazendo para desenvolver o hobby na Região Metropolitana do Rio de Janeiro? Brigar, brigar e brigar, além de formar "panelinhas" (grupos unidos de maneira suspeita por interesses em comum), ofendendo - ou alegando estar sendo ofendidos - por causa de ideias contrárias. Muitas vezes quem está errado não quer admitir isso e prefere se fazer de "ofendido", pois admitir erro vai contra a postura arrogante do instinto humano.

Mas porque a busologia soteropolitana se evoluí enquanto a carioca se retrai? Talvez a resposta esteja na falta de "sangue novo" na busologia carioca. Ainda não apareceram novas caras com grande visibilidade e poder o bastante para enterrar a busologia velha.

Um fenômeno que acontece muito no Rio é o dos busólogos-estrelas. Eles fotografam novidades em garagens e postam em seus sites. São muito bem conhecidos e geralmente atraem muitos admiradores. Talvez a existência deles esteja dificultando o surgimento de novos busólogos, que enxerguem a busologia de uma nova forma.

Os atuais busólogos cariocas, além de brigarem entre si, ainda não estão totalmente esclarecidos sobre o que realmente significa serviço de qualidade para o passageiro. Enquanto os soteropolitanos já demonstram um comportamento realista em relação ao BRT, com debates constantes, os cariocas estão deslumbrados com as grandes minhocas de aço, se esquecendo de que a mobilidade urbana não é sinônimo e muito menos se resume a BRT. Sem melhorar o sistema como um todo, o BRT não passará de mera estética para os busólogos admirarem.

É preciso haver novos busólogos se destacando, colocando ideias novas na busologia carioca. A insistência em teimar com pontos de vista equivocados pode estar sendo a principal causa de brigas entre busólogos, já que quem está errado não quer admitir, preferindo acusar o outro de errado. Com isso a busologia carioca vai emperrando e nem adianta colocar ar condicionado em veículos ou instalar o "miraculoso" BRT para tentar melhorar as coisas.

Fico aqui torcendo por novos busólogos que possam colocar a busologia carioca para rodar para a frente. Do jeito que está, o ônibus dos busólogos tradicionais continua emperrado, sem perspectiva de sair do lugar onde está.