domingo, 18 de novembro de 2012

Erros de português

A padronização visual imposta para as frotas de ônibus do Rio de Janeiro, além de não ajudar na disciplina do transporte coletivo carioca, ainda não age no que deve agir.

Não bastasse as empresas colocando a palavra "ar condicionado" de forma aleatória, sem a esperada rigidez do design padronizado, vemos o caso até de um erro de português como esse que o passageiro Mauro Minsky, de forma bastante oportuna, fotografou na Praia de Copacabana.

O ônibus estava escrito "AR CONDIOCIONADO", com um atrevido "O" que nossa gramática não permite para a palavra "CONDICIONADO". Foi num ônibus do consórcio Transcarioca, provavelmente da Viação Redentor que, pasmem, era uma das mais destacadas empresas de ônibus carioca antes dessa palhaçada da prefeitura impor pintura igualzinha.

O sistema de ônibus do Rio de Janeiro está tão decadente que só faltava mesmo errar na ortografia. Sal de frutas, por favor!!


sábado, 10 de novembro de 2012

Para entender o fascínio de todos pelo BRT carioca

Uma simpática cidade interiorana era um sossego. Ela era tão isolada que não tinha energia elétrica e nem telefone fixo. As ligações eram por celular, graças a moradores que traziam de outros lugares. Eram celulares de tecnologia atrasada, mas serviam naquela cidade sem linhas telefônicas. Não tinha televisão e as notícias chegavam através de rádios de pilha.

A cidade produzia seu próprio alimento, que era para consumo próprio. Se não havia fartura, não havia carência. Todos se alimentavam adequadamente com o que a cidade conseguia produzir.

Não havia a necessidade de grandes transportes, pois a auto-suficiência da cidade e o seu pequeno tamanho (o que encurtava qualquer distância), dispensava a utilização de qualquer tipo de transporte.

Um dia, a cidade entrou em polvorosa. Um morador de uma cidade vizinha, mais desenvolvida, teve que visitar a pacata cidadezinha para negócios com comerciantes locais e apareceu com uma charrete de madeira, puxada por um burrico. Toda a população ficou pasma e correu até a praça principal para ver a novidade. Uma carroça! Sim, uma carroça, o que significaria um grande avanço para aquela cidadezinha humilde!

As pessoas queriam saber como funcionava aquele troço. Puxado por um burrico? Como faria para ele andar? Davam comida a ele? Como ele sabia o destino certo? O cocheiro indicava? Eram muitas perguntas para uma população que nunca tinha visto uma carroça e se impressionou com a novidade. 

Todos ficaram ao redor da carroça e do burrico (este, obviamente assustado com a multidão curiosa) até que o seu responsável tivesse voltado, após encerrar a sua conversa com os comerciantes. Prometia voltar para novos negócios e também para tentar abastecer a cidade com novos produtos.

A prefeitura da cidadezinha gostou e implantou nela uma fábrica de carroças, aproveitando os burricos que nada faziam além de pastar nos matos das fazendas da redondeza. Com as carroças, a cidade pode se ampliar , favorecendo a construção de mais casas por um raio longe da praça principal.

E com isso as carroças fazem até hoje a alegria dessa pequena cidade, se tornando a grande novidade que ela conseguiu alcançar.

É uma prova de que muitas coisas implantadas como "avanço" e "novidade" nos lugares onde vivemos, na verdade estão obsoletas e atrasadas em outras localidades, já acostumadas há décadas com tais coisas.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Do contrário que se espera, BRT pode estimular uso do automóvel

Colocar uma fórmula pronta e pronto (trocadilho?) em qualquer cidade é bom porque reduz custos e tempo, mas acima de tudo porque economiza esforço e discernimento. 

O BRT tem todas as vantagens de uma fórmula pronta e mais uma: a beleza. É um sistema visivelmente bonito, maravilhoso que fascina a todos e enchem os olhos de pura beleza.

Mas uma coisa que ninguém reparou é que, do contrário que quase todos acreditam, o BRT pode estimular ainda mais o uso dos automóveis, sendo um modelo inadequado para a maioria das cidades. Se esse problema já acontece em Curitiba, onde houve aumento de uso nos automóveis nos últimos anos, que nem a renovação brutal de frota de articulados conseguiu impedir.

O problema do BRT é que, por ser grande demais, ele não passa em todas as ruas. nem os alimentadores, menores, passam, pois as prefeituras entendem que colocar todos os ônibus para rodar em ruas reservadas para isso é o melhor. E como isso estimula o uso dos automóveis?

Simples. Porque com o automóvel, o cidadão pode se deslocar diretamente para as ruas desejadas, sem ter o esforço inútil de andar léguas a pé de um ponto de ônibus - o mais próximo, porém bem distante - ao lugar desejado. Além disso, espalhando os ônibus de linhas diferentes em ruas diferentes ajuda muito na fluidez do trânsito. Antigamente, pontos e itinerários eram em lugares bem diferentes para cada linha, fazendo com que quase todos os quarteirões importantes dos grandes centros tivessem acesso direto através de transporte coletivo.

As pessoas precisam usar melhor o discernimento e repensar o transporte ao invés de implantar fórmulas prontas que funcionam mesmo só na aparência. O cidadão não quer transporte bonito e sim um trânsito organizado que garanta ir ao destino desejado, andando cada vez menos até ele.

Enquanto isso, o cidadão vai tentando garantir seu direito de ir e vir com o seu automóvel, preferindo encarar os engarrafamentos que as autoridades se negam a evitar e combater.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Rodoviários fazem protesto contra "trabalho escravo" na porta de empresa de ônibus no Rio

Nosso comentário: A líder do consórcio Intersul mostra o exemplo de como o transporte do RJ piora cada vez mais e não só para os passageiros, mas também para os funcionários das empresas.

Rodoviários fazem protesto contra "trabalho escravo" na porta de empresa de ônibus no Rio

Do R7 | 05/11/2012 às 08h09 | Atualizado em: 05/11/2012 às 09h13

Eles trabalham em 22 linhas municipais nas zonas Norte, Sul e Centro da cidade.

Cerca de 800 motoristas e cobradores da Real Auto Ônibus, responsável por 22 linhas municipais nas zonas Norte, Sul e Centro do Rio, paralisaram as atividades nesta segunda-feira (5) para reivindicar melhores condições de trabalho. Com faixas e cartazes, os rodoviários iniciaram uma manifestação de madrugada na porta da garagem da empresa, na Vila do João, em Bonsucesso.

Segundo o Sintraturb (Sindicato dos Motoristas de Ônibus e Cobradores do Rio de Janeiro), o protesto foi deflagrado após inúmeras denúncias recebidas e encaminhadas ao MPT (Ministério Público do Trabalho) sobre carga horária abusiva imposta pela direção da Real Auto Ônibus. Ainda na manhã desta segunda os trabalhadores fazem uma assembléia na porta da empresa para decidir se interrompem o seviço por tempo indeterminado.

O vice-presidente do sindicato, Sebastião José, disse que a intenção dos manifestantes não é prejudicar os passageiros, por isso o movimento começoou ainda na madrugada.

— Estamos desde a madrugada tentando negociar com a empresa. Pedimos a compreensão dos usuários, mas é preciso que a população fique ciente do trabalho escravo imposto não só pela Viação Real, mas por todos as empresas do setor, que obrigam seus motoristas e cobradores a trabalhar até 15 horas diariamente, transformando esses profissionais em verdadeiros escravos; isso sem contar o agravante de colocarem em risco a vida dos usuários, já que os motoristas não dormem o suficiente. Queremos uma jornada decente de 6 horas para esses profissionais.

Sebastião informou ainda que em outubro o sindicato denunciou a Real Auto Ônibus ao MPT por várias práticas consideradas abusivas como obrigar o trabalhador a dobrar o serviço, sendo que quem se recusa é punido com a troca de linha e horário; exigir o transporte diário de 300 passageiros; descontar abusivamente avarias e multas dos ônibus, procedimento que é vetado pela nova lei que rege os motoristas, entre outras.

O R7 tenta contato com a direção da Real Auto Ônibus.

sábado, 3 de novembro de 2012

O que está havendo com a "Viação Fortaleza"?

Aquela que era uma das melhores empresas de Niterói, vem lentamente dando sinais de uma silenciosa decadência. Parecia que estava prevendo o que ia acontecer com esse sistema horroroso criado para iludir os gringos otários que vem se enganar com a copinha inútil e imposto de forma autoritária e ilícita.

A "Viação Fortaleza" vem demonstrando uma série de defeitos que muita gente ainda não percebeu. Já começou mal com as compras de carros da Busscar com uma porta e sem cobrador, repetindo o feito com os Apaches Vip (que não puderam ter apenas uma porta por causa da lei de acessibilidade). Todos carros grandes. Se de fato (e ninguém sabe disso) micros podem ter cobrador (com mesas e torniquetes cada vez melhores, isso é extremamente possível), imaginem ônibus grandes.

A mesma empresa resolveu vender quase todos os micros (sobraram dois que ainda rodam) e alguns carros grandes do modelo Spectrum. A renovação de frota não compensou o número de carros vendidos. Só para ter uma ideia, de 15 carros (alguns micros e os Spectruns), foram substituídos por apenas um carro, o 09.102 (que aparece com a pintura verde na foto, agora como integrante do consórcio TransOceânico). Tira 15 e coloca apenas um no lugar. É mole?

Outra coisa: o site BSG, em julho deste ano, havia dito que no mês seguinte (no caso, agosto), a "Fortaleza", através do consórcio Transoceânico, colocaria seus carros de piso baixo para rodar. Estamos agora em Novembro e nenhum sinal sequer de algum pedido. Há indícios de que o consórcio Transoceânico seja dispensado da compra de carros de piso baixo (que são refrigerados em Niterói), já que todas as empresas envolvidas haviam cancelado o serviço antes da grotesca mudança.

Além disso tudo, a "Fortaleza" está bem desorganizada na hora de colocar os dados na pintura padronizada, com nomes tortos, palavras faltando, falta de alinhamento, uma loucura. Decepcionante para uma empresa que sempre foi organizada em sua pintura.

Observando o que acontece no Rio, este novo sistema poderá significar na prática uma grande piora. Pode ser até que maquiem para agradar os gringos, mas finda a ilusão, com a carruagem virando abóbora, vão se conhecer as verdadeiras (segundas) intenções dos governantes com essa pataquada toda.