quarta-feira, 14 de abril de 2010

VERDEMAR E SEU VISUAL BRANCO-IRRITANTE

A única maneira da Transportes Verdemar, de Salvador, Bahia, pegar alguma corzinha é em situações como esta, numa tempestade. O lodo e a lama dão o tom e pintam de marrom-sujeira a lataria do ônibus.

A Verdemar tinha um visual tão bonitinho, lembrava a Viação Galo Branco, de São Gonçalo (RJ), na sua distribuição de branco e verde. Mas a empresa insistiu no irritante "branquinho básico", e queimou sua imagem e reputação entre os busólogos. É assim que a empresa quer zelar por sua imagem frente ao público? Se for, meus pêsames!!



sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Radio Leão" é agora fonte oficial?

Nessa onda de confundir fatos com opiniões e opiniões com fatos, muitas informações se embolam, fazendo com que fatos ainda não confirmados se transformem em verdades inquestionáveis.

Recebi uma mensagem de um cara que havia lido umtexto falando que a Nova torino é G7 sim. Mas o texto era escrito por um busólogo e falavada conveniência em apelidar o modelo de G7 por razões que eu entendi como subjetivas. O site da Marcopolo ainda classifica a nova Torino como G6. Mas tem gente maria-vai-com-as-outras que acha que tudo que a maioria faz ou segue está correto (ê futebol, ê ô, ê futebol, ê, ô...), que é só a maioria chamar o modelo de G7 vira decreto e ponto final.

Outro caso gerou um desentendimento entre eu e um integrante da equiipe OCD, auto-apelidado de Churros, que insistia em defender a tese, ainda não confirmada de que todas as linhas controladas pelo Detro serão servidas por veículos com ar-condicionado. O texto sobre a lei não deixa claro isso e fala apenas em "linhas intermunicipais do Rio", o que pode ser entendido como "linhas intermunicipais do município do Rio". A capital do RJ é servida por linhas municipais e intermunicipais, ora. Churros estranhamente ficou com um ódio incontrolável quando eu questionei a validade de sua fonte.

Para quem é esperto, sabe que a lei foi criada unicamente para "inglês ver", ou seja, para que o transporte da capital do RJ se mostre eficaz e eficiente durante as olimpíadas. Os prazos estipulados pela lei seguem direitinho o cronograma olimpico. Dizer que esta lei nada tem a ver com olimpíadas é muita coincidência, já que instalar e utilizar ar condicionado nos ônibus é bastante oneroso. Não é algo que as autoridades façam por "pura bondade". E empresas de pequeno porte poderão não fazer manutenção adequada nos aparelhos, o que poderá ser fatal. Ar condicionado é um potencial depósito de bactérias mortais, quando não higienizado adequadamente. Churros não sabe o que lhe espera.

Os dois casos que citei mostram que os busólogos estão confiando demais em fontes não oficiais, apelidadas pelos mesmos de "Rádio Leão". Basta uma informação não confirmada se estabilizar para se transformar em verdade. Brasileiros odeiam o nazismo, mas seguem as lições de seu principal publicitário, Joseff Goebbels:"mentira contada várias vezes se transforma em verdade". Pelo menos o ódio do Churros me soou bastante nazista.

Ao invés de confiar em informações não oficiais, devemos primeiro procurar fontes confiáveis, para que as informações se confirmem. Usar informações para se auto-afirmar ou provocar brigas é um sinal de imaturidade e falta de respeito ao próximo e principalmente à fonte de tal informação. Informações não são brinquedo para se fazer o que quer.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PAULISTANOS APEDREJAM ÔNIBUS NA ZONA SUL DE SP


by Onibus de Curitiba - In Bus

Dois ônibus da SPTrans foram apedrejados por moradores na comunidade de Vila Gilda, na Zona Sul de São Paulo. O motivo foi a indignação com a pequena frota da linha, que provoca muitas demoras na espera e, quando os ônibus chegam, ficam superlotados. 

Mas os tecnocratas do transporte acreditam que isso é justamente a "virtude" da linha. Poucos carros, porque eles acreditam que dá para ir bem rápido. E a superlotação, para eles, é apenas uma situação normal, esperada e dentro da capacidade máxima dos ônibus. 

A mesma coisa ocorre com os ônibus de Salvador (Bahia), em linhas como a 0919 Stiep - Vale dos Rios / Lapa e 0403 Caixa d'Água / Lapa, mas ninguém reclama. Pelo contrário, lá, pelo jeito, até os blogueiros que criticam a mídia dizem "amém" para as autoridades corruptas do transporte e das comunicações. 

quinta-feira, 1 de abril de 2010

"CURITIBANIZAÇÃO" DOS ÔNIBUS É PROJETO DA DITADURA MILITAR


By Ônibus de Curitiba - In Buses

Observando o perfil de Jaime Lerner no Wikipedia, pude notar que as raízes da "curitibanização" dos ônibus e outras medidas pragmáticas ligadas ao transporte mostram suas raízes na ditadura militar. 

O pioneirismo de Curitiba nos anos 70, por volta de 1974, ainda em pleno AI-5, e seguindo uma orientação tecnocrática que os burocratas do acordo MEC-USAID sonhavam - lembrando que o ministro que tentou criar um projeto ditatorial para a Educação e para o movimento estudantil (substituindo a UNE por uma tal Diretoria Nacional dos Estudantes, que funcionaria como um órgão do MEC), Flávio Suplicy de Lacerda, foi reitor da UFPR - , mostrou o quanto o projeto atende aos interesses tecnocráticos, e não públicos. 

O projeto camufla as empresas de ônibus em cores padronizadas quanto ao percurso. Aparentemente, a organização visual por trajetos ou tipos de ônibus disciplinaria o transporte, mas na prática isso não se deu. E, a cada vez mais, o transporte "pioneiro" de Curitiba não só perdeu o título - na verdade, discutível - de "melhor sistema de ônibus do país" como os cidadãos curitibanos, cada vez mais, demonstram sua indignação e fúria quanto às irregularidades do transporte. 

As empresas se camuflam e não dá para a pessoa comum identificar a empresa que comete irregularidade ou não. Pouco importa se aquele busólogo ou raros passageiros conseguem identificar os ônibus, se a maioria tem dificuldade para tal, o desastre do sistema é inevitável. Além disso, soa uma grande piada resolver o problema de pegar ônibus errado com serviço de telefone celular monitorado por satélite. Isso seria o mesmo do que resolver o analfabetismo através do verificador ortográfico do Microsoft Word ou similar. 

Jaime Lerner, o arquiteto idealizador da "curitibanização" dos ônibus, tem raízes profundamente conservadoras. Seu trabalho se deu durante a ditadura militar, num empenho tecnocrático que vimos em Heródoto Barbeiro e Delfim Netto. Filiou-se à ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e tornou-se prefeito biônico de Curitiba, quando assumiu a cidade pela primeira vez. Com a volta do pluripartidarismo, Lerner ficou no PDS, a encarnação seguinte da ARENA. Depois de um intervalo numa fase frouxa do PDT, voltou à direita através do PFL e hoje permanece no DEM. 

Embora tenha algumas virtudes, o projeto da "curitibanização" mostra cada vez mais que não é mais do que um plano tecnocrático para o transporte, seguindo a mesma filosofia dos planos econômicos de Roberto Campos e Otávio Bulhões no governo Castelo Branco, seguidos depois por Delfim Netto nos governos Costa e Silva e Médici. 

A "curitibanização" é linda na teoria, mas adota medidas anti-populares, como a redução das frotas dos ônibus (tradicional motivo de queixas dos passageiros), utopicamente resolúveis através de "vias exclusivas" e rápidas. 

Transforma-se o ônibus num arremedo de trem com QI de van. O Estado controla as linhas e os transportes, mas quem arca com os reparos técnicos e os investimentos financeiros são as empresas de ônibus. As prefeituras, através das suas secretarias de Transporte, criam pára-estatais municipais ou metropolitanas que controlam as linhas, mediante investimentos técnicos e financeiros das empresas de ônibus envolvidas, que ganham status de meras sócias sem autonomia no serviço do transporte, mas em troca com poder político suficiente para, se possível, demolir casas populares para contruir vias exclusivas, mediante indenização magra para os moradores expulsos. 

Cada vez mais, com o senso crítico avançando na Internet, a ilusão da "curitibanização" dos ônibus no Brasil começa a ser desfeita. Certamente, várias pessoas, iludidas com o "milagre busólogo" dos tecnocratas (a versão busóloga do "milagre econômico"), vão reagir, porque elas, mesmo não andando de ônibus, querem dar seu pitaco para o transporte coletivo que não utilizam. Mas seus argumentos frágeis, entre fantasiosos e enganosos, começam a ser contestados pelo cotidiano, sobretudo em São Paulo e Curitiba, quando as autoridades tornam-se incapazes de gerir o complicado, impopular e tecnocrático transporte coletivo "curitibanizado". 

Já pensou se Eduardo Paes tentasse punir as irregularidades da Feital, Oriental e Ocidental se o sistema de ônibus carioca já tivesse padronização visual? Seria um grande desastre. Somente os técnicos e os busólogos com maior intimidade com empresas e fabricantes é que seriam capazes de identificar os ônibus. 

Os passageiros comuns, não. Eles confundirão os ônibus e não saberão direito qual é o ônibus errado, porque todos seriam iguais, seria a mesmice visual que desnortearia sobretudo as classes pobres. Confusão que nem bilhetes únicos nem serviços de telefone celular resolveriam com eficácia definitiva.