quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Coincidência, não é?

Desde que a prefeitura do Rio decidiu impor a utilização de uniforme nas frotas de ônibus, além de mudar números e trajetos de linhas, confundindo ainda mais a população,é bastante visível o aumento de acidentes e quebras de veículos na frota municipal da cidade. 

Agora, em Niterói, que resolveu repetir a medida por achar "legal" (não há vantagem nenhuma em uniformizar frotas - o discernimento garante), já começam a aparecer danos em veículos por conta da má manutenção. Há o aumento de ocorrência de ônibus pifados na cidade.

As empresas do Rio de de Niterói agora entendem que, como não tem mais imagem a zelar, para quê ficar gastando dinheiro com manutenção? Qualquer coisa, responsabiliza-se a prefeitura. Até porque é o nome dela que aparece grafado em letras grandes nos veículos.

Além disso, o poder de ferro da prefeitura obriga os ônibus a cumprirem horário rigorosamente, mesmo sabendo que o trânsito cada vez mais caótico por causa do "direito" do cidadão de usar automóvel - na verdade uma forma de status social - não favorece o cumprimento de horários por causa dos incessantes e acumulativos engarrafamentos. Para tentar cumprir o horário, o jeito é correr com o ônibus quando o trânsito estiver livre. Aí é que acontecem os acidentes.

Não é pintando os veículos de uma só cor que se melhora o serviço de ônibus. E para quê melhorar os ônibus se ainda temos muitos automóveis engarrafando as ruas? Mobilidade urbana é acima de tudo, tirar os automóveis das ruas. Se não diminuirmos os automóveis, qualquer plano de mobilidade, por melhor que seja, será um inevitável fracasso. Quem raciocinar, vai concordar com isso.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Com Neves, ônibus deverá ficar como está

Como sabemos, Rodrigo Neves foi eleito prefeito de Niterói. Eu votei nulo, pois os dois que ficaram para o segundo turno na verdade representaram a continuação de tudo aquilo que há na cidade durante mais de 20 anos. Exatamente, salvo raríssimas mudanças, como eu havia deixado, quando saí para morar em Salvador até 2008. Os nulos e brancos chegaram a superar p segundo colocado, Felipe Peixoto, representante da gestão que está por se encerrar.

Neves tem poucos projetos de mobilidade urbana. A construção de duas grandes vias para tentar desafogar o trânsito é a principal delas, além da conclusão do "mergulhão" (na verdade um mergulhinho de poucos metros), criado pela gestão encerrante. Mas as suas promessas não vão muito além disso.

Peixoto, seu concorrente de segundo turno também não tinha muitos projetos. Mas como continuador da gestão atual, pelo menos haveria uma esperança de executar as construções dos terminais, forçando o encurtamento de várias linhas, que deixariam o centro da cidade e fariam baldeações gratuitas por dentro dos novos terminais, diminuindo drasticamente o número de ônibus que entram no terminal João Goulart. Isso tudo pode estar indo pelo esgoto com a vitória anunciada.

É bem provável que o "magnífico" plano de mudanças no transporte coletivo niteroiense dê com os burros n'água já que pelo que se vê na prática, apenas o Terminal Largo da Batalha, com obras já em andamento, será construído; os carros de pisos baixos só serão colocados nas linhas que já eram refrigeradas, todas de apenas três empresas do consórcio TransNit, dispensando o consórcio TransOceanico de adquirir os seus; e as linhas continuarão engarrafando o Terminal João Goulart, já que a redução no trajeto de várias linhas, facilitada com a construção dos novos terminais, pelo jeito virou ideia descartada.

Isso tudo sem falar que nenhum dos candidatos se propôs a estimular a redução de automóveis nas ruas, preferindo projetos estéticos e bem visíveis para que possa chamar a atenção da população, fazendo uma melhoria de fachada que na prática nada resolve, perpetuando os problemas que insistem em se manter, por irresponsabilidade da própria população, educada a transformar o automóvel na extensão de seu corpo e em bandeira pelo direito de locomoção garantido por lei.

Com isso, não espero que haja mudanças no cenário atual, a não ser essa ridícula e ilícita pintura-padrão (leia-se uniforme da prefeitura) colocada nos ônibus, que caracteriza uma encampação enrustida e ilegal, onde a prefeitura brinca de ser dono dos veículos das empresas, ignorando as características da modalidade de concessão, verdadeira modalidade verificada na lei que gerencia o transporte municipal .

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ingaratuba?

Reparem na numeração lateral e na traseira deste carro. mais uma desvantagem da padronização visual se observa. No lado a numeração 1.1.025, da suposta Ingá, cujo nome também aparece atrás. Na parte de trás 1.5.169 da suposta Araçatuba.

Mas o que é isso? Depois dizem que a padronização visual existe para "organizar" o transporte. Virou bagunça.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Porque os busólogos gostam da padronização visual

Conversando com um amigo meu que não curte ônibus, ele questionou se os busólogos não ficaram chateados pelo fato de que todos os ônibus de uma cidade passarem a ter uma mesma estampa de pintura. Eu falei que a maioria dos busólogos na verdade gostou e quem não estava gostando eram os passageiros. Ele achou estranho. Mas há uma explicação para isso.

Busólogos sabem como identificar um ônibus. A padronização visual não é um problema para eles, capazes de identificar um modelo de chassis de olhos fechados. Observando alguns detalhes, para os busólogos é muito fácil saber de que cerro é uma empresa, sem precisar forçar a vista para ler o miúdo nome da empresa estampado próximo ao gigantesco nome da cidade.

Um exemplo. Se dois determinados carros da mesma carroceria e chassis e de mesma pintura, uma das empresas só comprar bancos azuis enquanto as outras só compram bancos pretos, já dá para perceber de qual empresa é o de bancos azuis.

E é só um exemplo. Há casos que detalhes bem mínimos, quase imperceptíveis, favorecem a identificação por busólogos, normalmente atentos a qualquer detalhe, por menor que seja.

Isso explica porque a maioria dos busólogos aprova a padronização visual enquanto os passageiros, que geralmente identificam o seu ônibus pela estampa da empresa, reprovam totalmente a medida.