quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Cuidado com os busólogos: eles mordem

É muito triste saber que um hobby que deveria unir as pessoas, na verdade separa. Ouço muito falar em brigas entre admiradores de ônibus que por pouco não atingem o lado físico.

Desta vez eu, e agora meu irmão nos vemos envolvidos em polêmicas, simplesmente porque certos busólogos, ao invés de resolver as divergências num debate sadio que leve a um denominador comum, preferem ficar com seus pontos de vista, por se acharem "autoridades máximas da busologia", portanto "donos da verdade" e completamente fechados para qualquer debate, ficando sempre com a última palavra. Ao se perceberem contrariados, partem para a agressão verbal, porque não conseguem aceitar pontos de vista alheios aos seus.

O que eu vou dizer agora, não vai agradar a maioria dos busólogos. Descobri que a busologia em sua maioria, é uma atividade de pessoas de baixa renda, consequentemente, de baixa instrução. Também não sou rico, mas sempre me esforço para ser uma pessoa cada vez melhor, em inteligência e moral. Mas a revolta típica das classe humildes, fecha os olhos delas à evolução. Se creem evoluídas, ainda mais numa época em que a mídia tenta colocar na cabeça da população o "orgulho de ser pobre". Orgulho de não ter dinheiro? Orgulho de não ter qualidade de vida? Ser pobre nunca deveria ser motivo de alegria para ninguém.

É difícil dizer isso, pois os pobres são pessoas que vivem "em guarda", infelizmente. Ser pobre nunca é bom e gera revolta, mas como é difícil atacar ricos e autoridades (medo?), canaliza-se esta raiva para pessoas comuns que contrariem as crenças (equivocadas) das classes humildes. Os pobres vivem esperando um pretesto para descarregar sua inconformação. E descarregam nos momentos de discórdia com pessoas comuns. Como se pessoas como eu, e não os mega-empresários, fossem responsáveis pela má qualidade de vida dos pobres.

Respeitar o pobre e o mal-instruído não significa aceitar os seus defeitos e sim ajudá-lo a crescer, a entender que existe muito a aprender e que o primeiro passo para ser incluído na sociedade é ser humilde, admitir que erra, conhecer aonde e como errou e consertar. O mundo evolui e teimosia é um perfeito freio de mão para a evolução.

Digo que , ao invés de se sentirem ofendidos (se sentir ofendido perante críticas é tática de quem não quer se esforçar para evoluir), porque não analisam as minhas queixas e procurem reparar os erros e tentar evoluir. Se fossem evoluídos, não haveria críticas e nem brigas.

Vi essas polêmicas acontecerem tanto na busologia fluminense como na baiana. As questões discutidas variam, mas a teimosia típica da falta de instrução e de senso crítico é a mesma. O defensor de seu ponto de vista é tão teimosos que é capaz de levar sua convicção para o túmulo, sem checar se ela é verdadeira ou não.

Um recado aos busólogos teimosos: cresçam. Amadureçam. Se eduquem, nem que para isso, seja necessário voltar à escola. Não é porque é maior de 18 anos que vai se achar o adulto pronto. Perfeito ninguém é, mas sempre devemos evoluir. E para evoluir é necessário admitir erros. Teimosia e arrogância são sinais de homens fracos, fadados ao fracasso.

Nunca quis mal a ninguém. Sou uma pessoa muito boa, embora os maus me vejam como "mau". Gostaria muito que este hobby fosse motivo de alegria, não de raiva.

Temos que usar a coerência e debater sadiamente mais tempo e mais vezes possível, para checarmos os fatos, sem confundí-los com opiniões, sempre levando a um denominador comum. Divergências podem ser sinal de que um dos lados pode estar errado e para isso deve se analisar fria e objetivamente, sem paixões e sem orgulho, para que se observe aonde estão os erros e o que deve ser feito para corrigí-los. Com a análise concluída, podemos chegar ao ponto de vista definitivo.

Mas não, o orgulho mesquinho do ser humano primitivo impede debates. É mais fácil chamar o discordante usando palavras baixas, porque é muito mais fácil. Ser sábio exige esforço, ainda mais para quem tem o senso crítico atrofiado.

Muito há para aprender, mas a primeira coisa é saber ser humilde. Saber reconhecer que não é perfeito. Perceber que a sua inteligência ainda não é o suficiente capaz para o entendimento das coisas do mundo. Que esta inteligência nunca deve ser glorificada e sim desenvolvida, para que a cada dia mais possamos entender melhor as coisas e discutí-las com sabedoria e objetividade, respeitando pontos de vista apenas quando eles oferecem coerência e lógica. Porque quem não desenvolve sua inteligência, pensando ser uma pessoa pronta, perfeita, não está se respeitando. Se não se respeita, não merece respeito.

Vamos agir como humanos. Não como cães pit-bull famintos, loucos para morder alguém. O teimoso nunca sai do lugar, por mais que ele pense que está certo.

Não quero fazer inimigos. Detesto brigas. Para evitar brigas, é preciso humildade para reconhecer erros e consertá-los para que eles não virem uma poderosa arma a destruir quem as contesta.

Analisem com atenção e detalhadamente este texto e reflitam. Para que a busologia volte a ser fonte de união entre as pessoas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

MATARAM A MATIAS!!!!!

A arbitrária medida de padronização visual faz sua segunda vítima: a Rodoviária A. Matias.

A empresa agora desaparecerá dos nossos olhos, perdendo sua identidade e sendo confundível com a Viação Verdun e a Transportes Vila Isabel. Até as setas de acesso nas portas foram feitas mais para enfeite, visualmente não estão claras para o cidadão comum.

O que significa que os passageiros poderão confundir, dependendo de onde se situem, a linha 232 com a 222 da Vila Isabel e a 238 da Verdun, a linha 606 com a 607 da Viação Acari, e por aí em diante.

O verde, pelo menos, não ficará só na nossa memória, afinal, o grande consolo é que, das cidades que adotam a padronização visual, o Rio de Janeiro é a que tem maior acervo, na Internet, relacionado aos tempos em que tinha diversidade visual.

Uma coisa é certa: o projeto de padronização visual imposto por Eduardo Paes está fadado, irreversivelmente, ao fracasso. Mas é preciso que ele aconteça para que os erros sejam mais conhecidos pela opinião pública.

Um exemplo pessoal. Meus pais, usuários assíduos da 232, sofrerão muito, uma vez que, sendo idosos, terão que triplicar a atenção na Av. Pres. Vargas na ocasião de pegar um ônibus para Lins de Vasconcelos.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PADRONIZAÇÃO VISUAL DOS ÔNIBUS: PROJETO DE DIREITA .

A DIREITA BOTA FARDA NOS ÔNIBUS - Políticos que impuseram a padronização visual dos ônibus.

Historicamente, a padronização visual dos ônibus e todo um conjunto de medidas que envolve diminuição de frotas de ônibus em circulação, sistema de pool, consórcios e outros paliativos, está sempre associada a contextos políticos de direita, voltados aos interesses conservadores e contrários à vontade do povo.

Sabemos que o transporte coletivo de Curitiba, tão tido como "moderno" e "futurista", foi adotado durante o auge da ditadura militar, em 1974, implantado pelo prefeito "biônico" Jaime Lerner, filiado pela ARENA.

Mas de um modo ou de outro, a implantação dessas medidas, dentro de uma suposta racionalidade relativa ao transporte coletivo, sempre se relaciona com grupos políticos conservadores, tradicionalmente vinculados à direita, por mais que Jaime Lerner e o ex-secretário de transporte de Salvador, Marcos Medrado, se escondam, com cínico oportunismo, em partidos de centro-esquerda.

Aqui vamos listar os figurões das fotos mostradas no topo deste tópico:

JAIME LERNER - Considerado o maior tecnocrata do transporte coletivo, hoje trabalha como consultor. Pioneiro na adoção de medidas paliativas, com uma modernidade de fachada, que adaptam o sistema de ônibus a conceitos e procedimentos neoliberais. Virou símbolo de uma mentalidade falsamente progressista relacionada ao transporte coletivo, defendendo um modelo tecnocrático que, na teoria, soa perfeito, mas que já começa a mostrar seu dramático desgaste já na sua cidade de origem, Curitiba, capital do Paraná, onde o projeto de Lerner foi implantado em 1974. Historicamente filiado à ARENA, Lerner tentou uma passagem no PDT, depois voltou à direita pelo DEM e hoje está no PSB, partido que hoje mais parece um engodo ideológico situado entre o PMDB e o PPS.

OLAVO SETÚBAL - Banqueiro dono do Itaú, falecido há dois anos, Setúbal foi historicamente ligado à ARENA e ao hoje demotucano Paulo Egydio Martins, ex-governador de São Paulo, político conservador paulista que conseguiu desviar a União Nacional dos Estudantes para a direita, em 1951. Egydio, que também foi ministro da ditadura militar, o indicou para ser prefeito da capital paulista. No cargo, Setúbal implantou o padrão atual de transporte coletivo de São Paulo, baseado na uniformização visual, nos consórcios e no método tecnocrático de gerenciamento do sistema pelo Estado, com investimentos da iniciativa privada.

FRANCELINO PEREIRA - Ligado à ARENA e hoje no DEM, ele foi governador de Minas Gerais quando surgiu o Metrobel (atual BHTrans), que adotou a metodologia tecnocrática do transporte coletivo da Grande Belo Horizonte, nos anos 80.

MARCOS MEDRADO - Um dos afilhados políticos de Antônio Carlos Magalhães, Marcos Medrado é uma das figuras do conservadorismo político de Salvador, Bahia. Figura da direita política brasileira,foi presidente regional do PDC, mantendo-se no cargo depois da fusão do partido com o PDS malufista, virando PPB (atual PP). Como secretário de Transportes de Antônio Imbassahy (então também ligado ao carlismo baiano), Marcos Medrado reimplantou o esquema de pool nos ônibus (que tinha sido dissolvido pela prefeita Lídice da Mata, na gestão anterior), fortaleceu a corrupta medida das "frotas reguladoras", diminuiu as frotas em circulação, agrupou empresas em consórcios e bagunçou a distribuição de linhas nos bairros, sem critérios definidos de área. Além disso, permitiu a "padronização" de visual branco-básico da maioria das empresas de ônibus. Marcos Medrado está filiado ao PDT porque seu grupo político de dissidentes carlistas migrou para o partido, quando o atual prefeito João Henrique, ainda na sua primeira gestão e hoje no PMDB, estava então filiado.

JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Quando assumiu o governo do Distrito Federal, José Roberto Arruda retomou a uniformização visual dos ônibus, que começava a ser dissolvida por algumas empresas de Brasília. Então filiado ao DEM, José Roberto Arruda, que é ligado a Joaquim Roriz, tradicional figura da direita política brasiliense, espécie de versão candango de Paulo Maluf, foi personagem de destaque no noticiário nacional por conta do esquema de corrupção montado por ele e que se tornou conhecido como "mensalão do DEM". O escândalo custou seu cargo político. Arruda chegou a ser preso, mas foi beneficiado pelo habeas corpus que garante a impunidade dos ricos e poderosos.

EDUARDO PAES - Afilhado político de César Maia - ex-comunista há muito integrado à direita política carioca - , Eduardo Paes integra a ala ultraconservadora do PMDB. Como subprefeito da Barra da Tijuca, realizou medidas anti-populares, sempre a favor dos interesses das classes mais ricas. Passou por outros partidos e sua candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro, seu atual cargo, teve o apoio de vários políticos do DEM, apesar do rompimento com seu padrinho político. Estabeleceu, recentemente, conchavos com dirigentes olímpicos, fazendo o lobby para que o Rio de Janeiro, mesmo sem condições reais de realização, fosse escolhido sede das Olimpíadas de 2016. Recentemente, Eduardo Paes decidiu implantar outras medidas impopulares, como o fechamento de um longo trecho da Av. Rio Branco (claramente de acordo com os interesses das classes ricas e conservadoras), que pode provocar violentos engarrafamentos na cidade, e a padronização visual do sistema de ônibus carioca, que irá confundir os passageiros, principalmente nas classes populares. Seu atual padrinho, Sérgio Cabral, tem afinidades na postura conservadora e anti-popular.

sábado, 18 de setembro de 2010

Cada um enxerga como quer: "Ganho estético"

Ganho estético segundo busólogos e defensores da diversidade visual:




Ganho estético segundo Eduardo Paes e defensores da padronização carioca:


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PÉSSIMA NOTÍCIA: EDUARDO PAES IMPÔS PADRONIZAÇÃO VISUAL

Em completo desprezo ao interesse público, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, já divulgou o projeto de padronização visual dos ônibus, através de um ônibus sustentado pela Real Auto Ônibus.

As empresas de ônibus perderão autonomia nas linhas, que passarão a ser de responsabilidade de uma paraestatal, denominada "Cidade do Rio de Janeiro", que controlará as linhas e decidirá pela renovação dos carros. As empresas se limitarão, no serviço de ônibus, a responsabilidades técnicas, como manutenção das frotas, e financeiras, como o custeio na aquisição de novos carros. A renovação, no entanto, será decidida pela Prefeitura do Rio de Janeiro, através de uma "avaliação" das frotas das empresas.

A medida também acabará com a busologia como hobby, porque agora só haverá busólogos "profissionais", que visitam garagens de ônibus e almoçam com autoridades e empresários. Uma "panelinha" de busólogos que identifica o chassiz de um ônibus só ao ouvir o ronco, mas que não valoriza os interesses públicos dos passageiros. Só eles poderão identificar com exatidão as empresas de ônibus, porque o resto da sociedade se sentirá confuso na tentativa de identificação.

POVO PODE PEGAR ÔNIBUS ERRADO: BAIXADA SERÁ MAIS PREJUDICADA

O povo do Grande Rio será prejudicado com essa medida arbitrária do prefeito carioca, que provocará uma bagunça no sistema de transporte coletivo carioca. Haverá, aliás, um grande colapso no sistema de transporte coletivo, que passará por uma decadência sem precedentes, que nem os otimistas conseguirão desmentir.

A população mais lesada será a dos municípios da Baixada Fluminense, que utilizam serviços na cidade do Rio. Mas todos correm sério risco de pegar ônibus errado, transtorno que não será compensado pelo Bilhete Único, solução demagógica do sr. Paes, porque a questão não é somente gasto de passagem, mas de perda de tempo e de paciência.

Digamos que uma população de Nilópolis pegue um ônibus para a Pavuna. Na Pavuna, pega o 779, para Madureira, pensando ser o 942, para a Penha, onde tem um hospital em que um parente adoecido esteja inscrito. Digamos que o doente esteja em estado gravíssimo, e morre depois que o 779 já entra em Madureira. Será um sério dano, mesmo que os custos sejam abatidos pelo Bilhete Único.

Há também o risco da violência. Um cidadão que, nas 17:50 de sábado, queira ir para o Maracanã visitar um amigo e está no mergulhão da Av. Alfred Agache para pegar um ônibus. Ele pega o ônibus da 474 Jacaré / Jardim de Alah pensando pegar o 455 Méier / Copacabana e, na proximidade de Triagem, o cidadão, desesperado, decide saltar do ônibus. E, na espera de um ônibus para o Maracanã, ele é assaltado, leva um susto e o assaltante, irritado, o mata.

Como é que fica Eduardo Paes nessa, mesmo com toda a garantia de Bilhete Único?

CURITIBA E SÃO PAULO MOSTRAM TRANSTORNOS COM A PADRONIZAÇÃO VISUAL. FLORIANÓPOLIS BANIU A MEDIDA

A medida de Eduardo Paes surge em péssima hora, quando as cidades de São Paulo e Curitiba mostram indiscutível decadência do transporte coletivo, com transtornos seriamente ligados à uniformização visual, aos chamados "ônibus fardados".

Na Grande Curitiba, o poder concentrado do Estado já influi no declínio do serviço de ônibus, cada vez mais lentos e superlotados. A falta de manutenção fez com que a roda de um ônibus intermunicipal se soltasse, matando uma mulher. Em São José dos Pinhais, a circulação de ônibus sem a exibição de placas indicativas das linhas confunde os passageiros. Mas tanto na Grande Curitiba quanto na Grande São Paulo, são surpreendentemente constantes os casos de passageiros que pegam ônibus errados, causando problemas como morte de doentes a caminho dos hospitais, atrasos no serviço e nos estudos, comprometendo o rendimento no trabalho e no aprendizado.

Além da decadência desse modelo de transporte, que na verdade foi implantado na ditadura militar - chamamos a uniformização visual dos ônibus de "fardamento" e os "ônibus fardados" de Curitiba, pioneira na medida, até parecem com os ônibus das Forças Armadas - , Florianópolis havia encerrado com essa medida há vários anos.

A capital catarinense retomou a diversidade visual, o que fez melhorar a identificação das empresas de ônibus. Apenas duas empresas, Emflotur e Biguaçu, contam com a mesma pintura porque são associadas. Mas até mesmo a Imperatriz, última a adotar o antigo padrão visual de Floripa, também mudou sua pintura.

MEDIDA GERARÁ PREJUÍZO E DESGASTE

Até agora, não são estimados os prejuízos financeiros e morais que a uniformização visual imposta pelo prefeito do Rio irá causar. Sabe-se que serão enormes, mesmo com o paliativo do Bilhete Único.

O provável é que a medida não dure a vida toda e a uniformização visual já demonstre uma medida completamente falida já em 2016. Até lá, transtornos maiores demonstrarão a falência completa da "curitibanização" dos ônibus, contribuindo para o desgaste político das autoridades e o completo ceticismo dos passageiros das classes populares.

Portanto, a medida já nasce com prazo de validade vencido. Só perdurará se as autoridades forçarem a barra, mas o desgaste funcional será tão grande que podemos prever, no máximo, dez anos para que a medida seja banida e resulte na volta da diversidade visual que tanto facilita a percepção do nosso povo.



quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Golpe de 1964 atinge tardiamente a busologia carioca

COMENTÁRIO DESTE BLOGUE: O Alexandre fez uma excelente comparação. Eduardo Paes vomitou literalmente essa padronização na cara da população, sem querer saber se ela queria ou não, numa típica atitude de quem pensa que sabe mais do que os outros. Uma atitude explicitamente e totalmente anti-democrática que pode ajudar a piorar o sistema de ônibus do RJ.

Mas esse cara vai ter o seu troco quando tentar se reeleger. Um troco bem caro.

GOLPE DE 1964 ATINGE TARDIAMENTE A BUSOLOGIA CARIOCA

sábado, 18 de setembro de 2010 - Alexandre Figueiredo - O Kylocyclo

Resíduos da ditadura militar estão em toda parte. Isso é fato. Até hoje, as feridas que o Brasil sofreu durante o período militar (1964-1985) não foram em todo resolvidas, e, em certos casos, se agrava seriamente.



É notório, por exemplo, que existe uma postura golpista, defendida abertamente pela chamada mídia gorda (grupos Abril, Globo, Estadão e Folha), e de forma sutil pela mídia fofa (Bandeirantes, Isto É, Diários Associados). Mas mesmo o entretenimento brega-popularesco também têm sua facção golpista, com pessoas como Olavo Bruno, Francielly Siqueira, Eugênio Raggi e até vários "anônimos" ou "heterônimos" defendendo os "sucessos do povão" (na verdade claramente patrocinados pelos grandes donos do poder político e econômico) com unhas e dentes, como verdadeiros "cães de guarda" das oligarquias que dominam o país.

Mas o golpismo existe mesmo até na busologia, e poucos conhecem o lado sombrio, bastante sombrio, do transporte coletivo de Curitiba.

Para começar, o arquiteto Jaime Lerner se formou na mesma UFPR que teve como reitor o temível Flávio Suplicy de Lacerda, que foi ministro da Educação no governo de Castelo Branco e que manifestou seu desejo de privatizar o ensino superior, além de criar uma entidade estudantil que, substituindo a UNE, seria na verdade manobrada pela ditadura militar. A gestão do ministro Suplicy de Lacerda provocou a revolta estudantil, em episódios que hoje se tornaram históricos, entre 1966 e 1968.

Jaime Lerner era filiado à Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e foi prefeito "biônico" de Curitiba, quando implantou seu padrão de transporte coletivo que hoje o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, impõe à cidade. "Biônico" era o apelido do qual os políticos nomeados pelo regime militar eram conhecidos. Era um sarro com o seriado O Homem de Seis Milhões de Dólares, em exibição na TV nos anos 70, cujo enredo girava em torno de um homem-biônico.

O projeto de Lerner, com todas as alegações que os tecnocratas do transporte carioca hoje fazem - "limpeza visual", "mais disciplina (sic) no transporte", "organização por serviço de linhas" etc - , é, com surpreendente exatidão, a mais fiel tradução, aplicada ao sistema de ônibus, do projeto político, econômico e técnico da ditadura militar.

DIVERSIDADE VISUAL É DEMOCRACIA, ATÉ NA HORA DA ACUSAÇÃO GOLPISTA

Também a própria ditadura militar usava um discurso "bonito", "moralista". Assim como os tecnocratas do transporte coletivo acusam a diversidade visual dos ônibus de "poluição visual", os defensores da ditadura militar chamavam a democracia autêntica de "desordem".

É exatamente isso que você leu no parágrafo acima.

Da mesma forma que o livre direito do povo de se expressar, de ter uma visão independente mas sempre vinculada à sua experiência concreta do cotidiano, a seus problemas e desafios, é visto pelas elites golpistas como se fosse "baderna", "bagunça" e "desordem", as elites golpistas do transporte coletivo chamam o direito da livre concepção visual das empresas de ônibus, expressão de sua autonomia operacional, de "poluição visual".

Daí a "necessidade", defendida pelos tecnocratas do transporte coletivo, em botar verdadeiras FARDAS nos ônibus.

Isso irá confundir seriamente os passageiros, porque assim como diferentes empresas de ônibus passarão a ter a mesma estampa, uma mesma empresa de ônibus pode ter mais de um desenho. Sendo mais claro: a delimitação da pintura por áreas de bairros ou tipo de ônibus (como micros e articulados) fará com que diferentes empresas que atuem numa mesma zona com o mesmo tipo de ônibus tenham pintura igual, enquanto uma só empresa que opere com tipos de ônibus diferentes vai ter mais de uma pintura.

Voltaram os fantasmas da ditadura militar, aquele moralismo tecnocrata, confiante de uma "eficácia absoluta" e de um "rigor administrativo" que, na realidade, são impraticáveis, tanto que o próprio modelo de transporte adotado por Jaime Lerner sofre um terrível desgaste na sua cidade de origem, o que anda tirando o sono das autoridades e tecnocratas paranaenses, que têm que esconder a sujeira debaixo do tapete enquanto mostram um "transporte de conto de fábulas" nos eventos internacionais e nacionais sobre transporte coletivo.

A tecnocracia sempre aposta numa falsa democracia, numa "democracia de gabinete", em que pretensos especialistas julgam a "vontade popular" no isolamento das quatro paredes de seus escritórios. Isso não vale somente para José Serra, o derrotado da hora, mas também para Jaime Lerner e Pedro Alexandre Sanches, que veem o interesse público olhando para seus umbigos. Por enquanto eles são vistos como "deuses" pela plateia deslumbrada, como o próprio Serra foi endeusado durante anos, desde os primeiros tempos da anistia até o decorrer da redemocratização.

Mas muita coisa ainda vai ocorrer para que essa "democracia de gabinete" mostre seu sentido verdadeiro, anti-popular, de arquitetos, sociólogos, antropólogos sem vivência social concreta. Afinal, julgar o povo através das quatro paredes dos escritórios mostrará seus novos equívocos.

Afinal, foi derrubada a "democracia de caserna" dos generais do regime militar, e agora começa a cair a "democracia de escritório" do PSDB e da mídia associada, e daqui a pouco a "democracia de gabinete" de arquitetos urbanos, sociólogos e antropólogos etnocêntricos e críticos musicais que vivem no mundo da Lua (ou de Londres e Nova York), que só veem o povo de longe, vai ruir.

O padrão "curitibano" de transporte coletivo ainda vai experimentar muitos desastres. Infelizmente é preciso que tais erros aconteçam. Dificilmente esse padrão prevalecerá por mais de 10 anos. Em 2016, o modelo de transporte baseado na concentração de poder das Secretarias de Transporte, na padronização visual e na ditadura dos "consórcios", estará em frangalhos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ônibus todos de uma só cor são motivo de críticas em Teresina

Do site 180 Graus - Reproduzido também no blog Meu Transporte

Com uma frota de 482 ônibus divididos em 93 linhas o sistema público da capital começa a passar por mudanças com a finalidade da construção de um sistema de transporte integrado. A primeira delas é a padronização de todos os veículos em uma só cor.
Todos serão verde, com a logomarca da ponte estaiada João Isidoro França, recentemente inaugurada, com o nome “Cidade de Teresina” na cor branca. A única diferenciação dos ônibus será na parte dianteira que terão cores de acordo com a zona da cidade que circulam. Os que fazem rota pela zona Norte terão o painel dianteiro na cor verde, Sul amarelo, Leste vermelho, Sudeste azul, os circulares serão laranja e as linhas diametrais cinzas.

Essas alterações segundo a assessoria de comunicação do SETUT (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Teresina) não ocorre por força das empresas e sim em virtude do um plano diretor de transporte da cidade que fará mudanças em todo o sistema entre elas a construção de terminais integrados das linhas de ônibus.

“A mudança das cores fará com que as pessoas vejam o sistema de transporte como um todo e não separados pelas cores das empresas”, acrescenta Indira Gomes, assessora do SETUT. Questionada se a padronização das cores acarretará em custos para os usuários, ela afirma que não, pois os ônibus não serão pintados, eles virão de fábrica com esta nova configuração.

Para Maria do Carmo Bonfim, comerciária, que utiliza o coletivo em média de quatro vezes ao dia a mudança é ruim no início já que todos se acostumaram a identificar o ônibus pela cor e não pelo número ou nome da rota, mas que é questão de tempo para que se adaptem, assim como ocorreu na mudança dos locais onde as catracas eram instaladas nos ônibus e na implementação da bilhetagem eletrônica.

Como a padronização só virá com a reposição da frota, a cidade ainda tem um tempo para se acostumar com a mudança, mas é uma boa dica aprender os números das linhas para que não haja grandes transtornos e inconveniências ao utilizar o transporte. "Esse SETUT tem cada uma: uma hora eles aumentam a passagem sem avisar pra ninguém (preço de R$ 1,90) e sem justificativa alguma e agora vem com essa ideia de jerico de mudar as cores. Eu que sou míope, me lasquei todinha...", disse a usuária de transporte coletivo urbano Paula Sousa.

domingo, 18 de julho de 2010

Chegaram os novos ônibus da "Trans 1000"



Pelo jeito, os prometidos ônibus da Trans 1000 são esses aí.

Para quem não entendeu a piada, é só relembrar a biografia da Transa que num instante irá entender.

Quanto a Trans 1000 propriamente dita, segue ainda na UTI, esperando a morte chegar...

sábado, 10 de julho de 2010

TRANS 1000: REFORMADO, MAS DESTRUÍDO

Por DuqueCaxiense Muito Roxo

Ontem cheguei na Praça Mauá para pegar o 005 [479B] e deparei-me com um Viale RJ148163 EX-VVC de D.Caxias. Reformado, pintura nova (saia toda branca). Ar Condicionado? Bom isso não funciona mesmo, pelo menos no inverno gela um pouquinho, já que não tem necessidade, no verão, nada funciona mesmo.

O que me chamou a atenção neste carro é que ele está completamente destruído. Batendo tudo, parece não ter molas de tanto que o carro bate. Tinha horas que tinha-se a impressão que o carro quebraria no meio de tanto que bate a cada quebra mola ou pequenos buracos que passa.

Quando é que vão lembrar de enterrar esta empresa heim? Inclusive nosso colega Alex Figueiredo está mandando muito bem uma campanha pelos fotopages. Confiram.

http://onibuslegal.fotopages.com/?entry=2025901&source=2068640

Este carro Senior Midi ficou muito melhor nas mãos de uma empresa de verdade. Dava até pena de ver ele anteriormente. Agora, até vista eletrônica ele ganhou. Veja que grande diferença é o capricho e a ordem de uma boa administração.

http://onibuslegal.fotopages.com/?entry=2045195&source=2068615





sexta-feira, 11 de junho de 2010

Acidente de ônibus em Curitiba mata duas pessoas

Sabemos que acidentes de ônibus acontecem em qualquer padrão de sistema de transporte, mas o que chama atenção aqui é que o acidente só reforça e agrava a situação do sistema curitibano, já mostrando sua dramática decadência, comprovada com as queixas de muitos passageiros na imprensa local.

Outros acidentes trágicos já ocorreram nos últimos anos, e neste caso torna-se muito grave diante da pretensa imagem de "perfeição" do sistema curitibano, que no entanto dissimula um sistema baseado no poder sobrecarregado da Secretaria de Transportes, do visual padronizado que dificulta a identificação de cada empresa e na falta de autonomia operacional das empresas envolvidas, transformadas em meras "associadas" de uma paraestatal que controla as linhas e monitora a renovação periódica das frotas.

Há indícios de pressões profissionais e falta de manutenção, porque o motorista sofreu um mal súbito, meses depois de fazer exame médico e não ser dispensado pela empresa, e também porque houve provável falha mecânica no ônibus que, por sinal, já está velhinho.

O acidente em questão aconteceu quando o ônibus não conseguiu parar diante de um sinal vermelho e, batendo em um táxi e um carro, invadiu uma loja e causou a morte de duas pessoas, uma delas no hospital. Mais de 20 pessoas saíram feridas.



O Novo ônibus da Seleção Amarelão



Eu não curto futebol (hobby da maioria), mas adoro ônibus (hobby da minoria) desde criança. Muita gente acha estranho isso, já que o normal é se divertir "como os outros". Mas conheço muitos busólogos que adoram futebol (para compensar a esquisitice de gostar de ônibus) e esse carro veio para unir as duas "paixões" deles.



Como nos veículos dos times, o chassis é da VW e o motor MWM traseiro. Só que esse da seleção é mais confortável (com mesinha para refeições te TVs sobre o corredor).




Que esse ônibus ficou lindo, ficou mesmo. Bem mais bonito que o Hyundai que servirá a mesma, lá na África do Sul.

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NOTA: Não erá este ônibus que levará a seleção na África do Sul. O tal ônibus que recebeu a lamentável frase "Lotado: o Brasil inteiro está aqui dentro" é um Hyundai rodoviário, que não existe no Brasil.

A tal frase é lamentável, porque sugere a obrigatoriedade dos brasileiros de gostarem de futebol. Deveriam ter feito como outros países, como colocar frases de incentivo para a seleção do tipo "os canarinhos voam longe". Mas preferiram o anti-democrático costume de achar que todo brasileiro é torcedor da Seleção Amarelão.

Publicado originalmente em 29/05/10 no Futebosta

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ônibus da Trans1000 são a vergonha da Baixada

COMENTÁRIO DESTE BLOGUE: isso que o meu irmão fala aí embaixo, eu também pude sentir na pele, pois eu estava com ele nos momentos de "usufruto" da carcaça ambulante. O Detro deveria fazer alguma coisa para tirar esse verdadeiro ferro-velho que é a Trans1000 de circulação. Apesar dos funcionários simpáticos e atenciosos, os veículos dessa empresa são verdadeiras drogas.

ÔNIBUS DA TRANS1000 SÃO A VERGONHA DA BAIXADA

Por Alexandre Figueiredo - Site O Kylocyclo - sábado, 5 de junho de 2010

Alguém tem que fazer alguma coisa para tirar a desastrosa Trans1000 de suas linhas. Por que a mesma pressão feita nas empresas cariocas Feital, Ocidental e Oriental não foi feita na empresa de Mesquita? Por que as queixas feitas contra as empresas cariocas não foram levadas em conta em relação à Trans1000 (ou Transmil, escrita por extenso)?

A Trans1000, na sua linha 479B Mesquita / Praça Mauá, serve de forma vergonhosa. A única ressalva é que seus rodoviários são bem simpáticos e prestativos, mas eles sentem o drama da empresa mal-administrada e devem sofrer também no que se diz aos salários e nos ônibus velhos e mal-conservados que são obrigados a dirigir ou cobrar passagem. Isso quando os ônibus operam com cobrador, porque há ônibus que têm até banco do cobrador, mas é o motorista que cobra as passagens. É o que os busólogos chamam de ônibus-gasparzinho, com o banco do cobrador que deve ser reservado por algum espírito de rodoviário desencarnado que embarcou no veículo.

Meus pais encanaram de pegar a baldeação desse ônibus na volta de Mesquita para Niterói, pegando primeiro o 479B e depois o 100D Niterói / Praça 15 da Viação Mauá (este excelente, mas nos domingos fica lotado e alguns carros tocam a horrorosa Nativa FM), porque o 140C Nova Iguaçu / Niterói rodoviário da Rio Minho é muito caro.

Tamanho é o constrangimento de pegar um ônibus da Transmil, com seus carros velhos e desgastados. Até uns carros da Marcopolo Torino 99 são usados para esse percurso longo. E, quando colocam-se carros com ar condicionado, o ar simplesmente não funciona. Não bastasse isso, a linha passa por dois "bailes funk" de rua no seu percurso, aos domingos.

O percurso também dá muita volta. Acho que nem precisa ter esse percurso longo, a linha poderia ter um percurso expresso via Nova Iguaçu e passando regularmente pela Via Dutra e pela via expressa da Av. Brasil. Seria bem melhor.

Melhor ainda seria se a Transportes Blanco tirasse a Transmil de Mesquita e trocasse os calhambeques desta pelos novíssimos ônibus que a Blanco possui. A Blanco já tirou algumas outras linhas da Transmil e pôs no lugar ônibus novíssimos, sobretudo rodoviários recentes, com ar condicionado novinho, limpinho e que funciona.

A Trans1000 ainda é tratada com cordialidade pelo DETRO. Não deveria. Empresa que serve mal suas linhas tem que ser pressionada pelas autoridades, e se a empresa não tomar jeito, ela tem que deixar de servir suas linhas. A Transmil é a grande vergonha na Baixada e na pracinha de Mesquita onde param seus ônibus dá nojo ver sua frota com sua pintura enjoada e seu estado lastimável. Lixo puro.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Lei do Ar Condicionado seria somente para Rodoviários

Meu irmão conseguiu, no site da Setrerj (Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro), encontrar a tal lei tão defendida obsessivamente pelo integrante da OCD Holding (sabe-se lá o porquê do nome, já que "holding" significa outra coisa), Roberto Cláudio*, conhecido no Orkut como "Churros". Churros vai ficar ao mesmo tempo feliz e irritado depois de ler este texto.

Feliz, porque realmente a lei vale para todo o Estado. Irritado, porque a lei só se refere aos ônibus rodoviários, conhecidos também como executivos ou seletivos, que possuem interior sofisticado, poltronas reclináveis e apenas uma porta de apenas uma "folha". Grifei as ocasiões em que a palavra "rodoviários" aparece.

Isso significa que os ônibus urbanos, tão defendidos por Churros, estão excluídos dessa lei. Quem está comprando carros com ar é por qualquer motivo, mas nada relacionado com a tal lei.

O que esta lei diz, na verdade, é algo que já vem acontecendo há muito tempo. Na Rodoviária Novo Rio, por exemplo, não vejo ônibus sem ar condicionado entrando no terminal.

Roberto Cláudio, ao invés de partir para a arrogância, deveria ter lido melhor o texto e arrumado uma maneira gentil de explicar. Leis não deveriam ser feitas para satisfazer interesses de um e de outro, mas para beneficiar a população.

Mesmo assim, uma confirmação por parte das autoridades seria o ideal, já que o dito "documento" com a lei é uma xerox meio borrada e muito mal timbrada. A foto aparece a lei transformada em arquivo de figura, já que aqui não aceita pdf.

Convém lembrar que outras referências à lei não foram encontradas na internet, além do site da Setrerj.

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*NOTA: Não terei pudor nenhum de esconder o nome desse sujeito, já que ele está utilizando o meu a todo o rodo, para tentar me desmoralizar.

Será que, na opinião dele, ninguém tem o direito de duvidar de uma informação até que uma fonte confiável se manifeste pela mesma? Ainda mais que a boataria é muito comum no meio da busologia.

Enquanto ele estiver citando meu nome, citarei (respeitosamente) também o dele. Se ele quer respeito, que ele primeiro aprenda a respeitar os outros.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

As brigas entre os busólogos estão enchendo o meu saco

Alguns busólogos irão me perguntar: "mas porque esse tal de Marcelo, do Ultrabus e do Niterói Coletivo, ainda não apareceu em nenhum encontro de busólogos? Ele é fake?". Nada disso. Eu existo, sou de carne e osso e o mais importante: tenho cérebro e coração bem sadios, ou seja equilibro razão e sentimento de forma razoável.

Não apareci porque estou vendo há anos uma briga interminável entre vários membros da busologia carioca, sobretudo entre o pessoal do OCD Holding e do Clube do Trecho.

A briga é por motivos bem futeis, claramente imaturos, caracterizado pela competição para ver quem consegue fotografar novidades primeiro nas garagens. Isso é uma tolice! Que eu saiba, não existe nenhum busólogo "profissional", ninguém está ganhado dinheiro com isso. Se estiver, aí sim, pode se assumir como profissional que eu respeitarei. Mas como todos fazem só por hobby, creio não haver motivo para brigas.

As partes deveriam fazer as pazes. Eu mesmo poderia ser o mediador, mas uma polêmica que me envolvi com um integrante do OCD por causa da má interpretação de uma lei, complica ainda mais a minha situação e me coloca no meio dessa briga, sem que eu quisesse. Já não basta que sou barrado na melhor comunidade de busologia do Orkut porque discordei de várias regras impostas pela moderação, controlada por outros teimosos.

Lidar com gente teimosa é muito duro, pois teimosos se acham evoluídos e suficiente maduros e insistem em não ouvir conselhos que poderiam ajudar a se desenvolver. Os teimosos fogem de conselhos como o diabo foge da cruz. Teimosos são o pior tipo de gente, pois insiste em se manter no atraso, para a satisfação de interesses egoístas. O teimoso também é orgulhoso, pois se acha melhor que os outros e justamente por se achar perfeito, não admite conselhos e opiniões que choquem com as suas.

E essa gente teimosa é que está arruinando com a busologia carioca, criando cisões e impedindo o bom convívio de quem, por ter um hobby em comum, deveria estar ampliando amizades, mas por causa dessas divergências bobas, resultantes de tanta teimosia, acaba se isolando cada vez mais.

Estou isolado. O único busólogo de fato que entro em contato é o meu próprio irmão Alexandre, dono de vários sites (não associados aos meus - cada um tem um "grupo" próprio), como o Grande Niteroi, o Supercarioca e o Classical Buses. Ele também está chateado com as polêmicas e também não foi a nanhum encontro.

Enquanto a busologia carioca não chegar a um acordo, as brigas continuarão e eu me recuso a participar de qualquer evento. Pois não estou a fim de virar saco de pancada de quem quer que seja.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Desaparecem referências sobre a lei do Ar Condicionado na internet

Estava procurando várias referências a essa lei que obriga os ônibus intermunicipais a virem equipados com ar condicionado até 2016 na internet para verificar se a lei é municipal ou intermunicipal. Como sei, as olimpíadas ocorrerão apenas na capital do RJ e o cronograma deixa claro que a medida tem muito a ver com o evento. Afinal, no município do RJ também circulam linhas intermunicipais, controladas pelo Detro.

Ao procurar vários tipos de palavras chave, notei que sumiram quaisquer referências relacionadas a tal lei. Isso pode indicar que a lei pode ter sido revogada. Ainda não vi também a publicação de nenhum ato de revogação.

Acho pouquíssimo possível a lei ser para todo o estado. Instalar ar condicionado nos ônibus é caro e mantê-los em funcionamento, com manutenção e limpeza adequadas é mais caro ainda e também, não é qualquer linha que realmente necessite de veículos equipados. Uma linha como "Base Naval - Praia do Sudoeste" da Salineira, por exemplo, é muito simplória para ter carros com ar. A própria Salineira cancelou há muitos anos o serviço com ar.

Mas em comunidades do Orkut e nos Fotopages, há uma multidão de busólogos que insiste de maneira teimosa, com base da interpretação errada do texto, que a lei é estadual e que todas as linhas do Detro terão carros com ar e que a lei nada tem a ver com olimpíadas. Como, se segue o cronograma dos jogos olímpicos de 2016? Será "coincidência"?

Essa insistência parece coisa de criança que insiste em dizer que Papai Noel existe, só porque viu um cara vestido como tal, sentado numa praça de um shopping center. Não devemos confundir o que queremos com o que acontecerá.

As recentes aquisições das empresas já começam a denunciar que a maior parte desses busólogos está errada. Se uma empresa que não serve a capital do RJ adquire carro com ar, como a Vera Cruz 104, de Duque de Caxias, poda não ter nada a ver com a tal lei, podendo ser por decisão da empresa ou do município da qual a empresa pertence. Mas as empresa sque não servem a capital em sua maioria está preferindo comprar carros sem ar.

Vamos aprender a ler, a pensar, parar de beber cerveja, de ouvir música brega e de bater com a cabeça na parede. Cérebro é um patrimônio valioso, feito para raciocinar, e checar uma informação nunca é demais. O que não pode é tomar uma informação falsa ou mal interpretada e sair por aí anunciando a tal como decreto absoluto.

Como diz Descartes, "Para pesquisar a verdade é preciso duvidar, quanto seja possível, de todas as coisas, uma vez na vida."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

VERDEMAR E SEU VISUAL BRANCO-IRRITANTE

A única maneira da Transportes Verdemar, de Salvador, Bahia, pegar alguma corzinha é em situações como esta, numa tempestade. O lodo e a lama dão o tom e pintam de marrom-sujeira a lataria do ônibus.

A Verdemar tinha um visual tão bonitinho, lembrava a Viação Galo Branco, de São Gonçalo (RJ), na sua distribuição de branco e verde. Mas a empresa insistiu no irritante "branquinho básico", e queimou sua imagem e reputação entre os busólogos. É assim que a empresa quer zelar por sua imagem frente ao público? Se for, meus pêsames!!



sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Radio Leão" é agora fonte oficial?

Nessa onda de confundir fatos com opiniões e opiniões com fatos, muitas informações se embolam, fazendo com que fatos ainda não confirmados se transformem em verdades inquestionáveis.

Recebi uma mensagem de um cara que havia lido umtexto falando que a Nova torino é G7 sim. Mas o texto era escrito por um busólogo e falavada conveniência em apelidar o modelo de G7 por razões que eu entendi como subjetivas. O site da Marcopolo ainda classifica a nova Torino como G6. Mas tem gente maria-vai-com-as-outras que acha que tudo que a maioria faz ou segue está correto (ê futebol, ê ô, ê futebol, ê, ô...), que é só a maioria chamar o modelo de G7 vira decreto e ponto final.

Outro caso gerou um desentendimento entre eu e um integrante da equiipe OCD, auto-apelidado de Churros, que insistia em defender a tese, ainda não confirmada de que todas as linhas controladas pelo Detro serão servidas por veículos com ar-condicionado. O texto sobre a lei não deixa claro isso e fala apenas em "linhas intermunicipais do Rio", o que pode ser entendido como "linhas intermunicipais do município do Rio". A capital do RJ é servida por linhas municipais e intermunicipais, ora. Churros estranhamente ficou com um ódio incontrolável quando eu questionei a validade de sua fonte.

Para quem é esperto, sabe que a lei foi criada unicamente para "inglês ver", ou seja, para que o transporte da capital do RJ se mostre eficaz e eficiente durante as olimpíadas. Os prazos estipulados pela lei seguem direitinho o cronograma olimpico. Dizer que esta lei nada tem a ver com olimpíadas é muita coincidência, já que instalar e utilizar ar condicionado nos ônibus é bastante oneroso. Não é algo que as autoridades façam por "pura bondade". E empresas de pequeno porte poderão não fazer manutenção adequada nos aparelhos, o que poderá ser fatal. Ar condicionado é um potencial depósito de bactérias mortais, quando não higienizado adequadamente. Churros não sabe o que lhe espera.

Os dois casos que citei mostram que os busólogos estão confiando demais em fontes não oficiais, apelidadas pelos mesmos de "Rádio Leão". Basta uma informação não confirmada se estabilizar para se transformar em verdade. Brasileiros odeiam o nazismo, mas seguem as lições de seu principal publicitário, Joseff Goebbels:"mentira contada várias vezes se transforma em verdade". Pelo menos o ódio do Churros me soou bastante nazista.

Ao invés de confiar em informações não oficiais, devemos primeiro procurar fontes confiáveis, para que as informações se confirmem. Usar informações para se auto-afirmar ou provocar brigas é um sinal de imaturidade e falta de respeito ao próximo e principalmente à fonte de tal informação. Informações não são brinquedo para se fazer o que quer.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PAULISTANOS APEDREJAM ÔNIBUS NA ZONA SUL DE SP


by Onibus de Curitiba - In Bus

Dois ônibus da SPTrans foram apedrejados por moradores na comunidade de Vila Gilda, na Zona Sul de São Paulo. O motivo foi a indignação com a pequena frota da linha, que provoca muitas demoras na espera e, quando os ônibus chegam, ficam superlotados. 

Mas os tecnocratas do transporte acreditam que isso é justamente a "virtude" da linha. Poucos carros, porque eles acreditam que dá para ir bem rápido. E a superlotação, para eles, é apenas uma situação normal, esperada e dentro da capacidade máxima dos ônibus. 

A mesma coisa ocorre com os ônibus de Salvador (Bahia), em linhas como a 0919 Stiep - Vale dos Rios / Lapa e 0403 Caixa d'Água / Lapa, mas ninguém reclama. Pelo contrário, lá, pelo jeito, até os blogueiros que criticam a mídia dizem "amém" para as autoridades corruptas do transporte e das comunicações. 

quinta-feira, 1 de abril de 2010

"CURITIBANIZAÇÃO" DOS ÔNIBUS É PROJETO DA DITADURA MILITAR


By Ônibus de Curitiba - In Buses

Observando o perfil de Jaime Lerner no Wikipedia, pude notar que as raízes da "curitibanização" dos ônibus e outras medidas pragmáticas ligadas ao transporte mostram suas raízes na ditadura militar. 

O pioneirismo de Curitiba nos anos 70, por volta de 1974, ainda em pleno AI-5, e seguindo uma orientação tecnocrática que os burocratas do acordo MEC-USAID sonhavam - lembrando que o ministro que tentou criar um projeto ditatorial para a Educação e para o movimento estudantil (substituindo a UNE por uma tal Diretoria Nacional dos Estudantes, que funcionaria como um órgão do MEC), Flávio Suplicy de Lacerda, foi reitor da UFPR - , mostrou o quanto o projeto atende aos interesses tecnocráticos, e não públicos. 

O projeto camufla as empresas de ônibus em cores padronizadas quanto ao percurso. Aparentemente, a organização visual por trajetos ou tipos de ônibus disciplinaria o transporte, mas na prática isso não se deu. E, a cada vez mais, o transporte "pioneiro" de Curitiba não só perdeu o título - na verdade, discutível - de "melhor sistema de ônibus do país" como os cidadãos curitibanos, cada vez mais, demonstram sua indignação e fúria quanto às irregularidades do transporte. 

As empresas se camuflam e não dá para a pessoa comum identificar a empresa que comete irregularidade ou não. Pouco importa se aquele busólogo ou raros passageiros conseguem identificar os ônibus, se a maioria tem dificuldade para tal, o desastre do sistema é inevitável. Além disso, soa uma grande piada resolver o problema de pegar ônibus errado com serviço de telefone celular monitorado por satélite. Isso seria o mesmo do que resolver o analfabetismo através do verificador ortográfico do Microsoft Word ou similar. 

Jaime Lerner, o arquiteto idealizador da "curitibanização" dos ônibus, tem raízes profundamente conservadoras. Seu trabalho se deu durante a ditadura militar, num empenho tecnocrático que vimos em Heródoto Barbeiro e Delfim Netto. Filiou-se à ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e tornou-se prefeito biônico de Curitiba, quando assumiu a cidade pela primeira vez. Com a volta do pluripartidarismo, Lerner ficou no PDS, a encarnação seguinte da ARENA. Depois de um intervalo numa fase frouxa do PDT, voltou à direita através do PFL e hoje permanece no DEM. 

Embora tenha algumas virtudes, o projeto da "curitibanização" mostra cada vez mais que não é mais do que um plano tecnocrático para o transporte, seguindo a mesma filosofia dos planos econômicos de Roberto Campos e Otávio Bulhões no governo Castelo Branco, seguidos depois por Delfim Netto nos governos Costa e Silva e Médici. 

A "curitibanização" é linda na teoria, mas adota medidas anti-populares, como a redução das frotas dos ônibus (tradicional motivo de queixas dos passageiros), utopicamente resolúveis através de "vias exclusivas" e rápidas. 

Transforma-se o ônibus num arremedo de trem com QI de van. O Estado controla as linhas e os transportes, mas quem arca com os reparos técnicos e os investimentos financeiros são as empresas de ônibus. As prefeituras, através das suas secretarias de Transporte, criam pára-estatais municipais ou metropolitanas que controlam as linhas, mediante investimentos técnicos e financeiros das empresas de ônibus envolvidas, que ganham status de meras sócias sem autonomia no serviço do transporte, mas em troca com poder político suficiente para, se possível, demolir casas populares para contruir vias exclusivas, mediante indenização magra para os moradores expulsos. 

Cada vez mais, com o senso crítico avançando na Internet, a ilusão da "curitibanização" dos ônibus no Brasil começa a ser desfeita. Certamente, várias pessoas, iludidas com o "milagre busólogo" dos tecnocratas (a versão busóloga do "milagre econômico"), vão reagir, porque elas, mesmo não andando de ônibus, querem dar seu pitaco para o transporte coletivo que não utilizam. Mas seus argumentos frágeis, entre fantasiosos e enganosos, começam a ser contestados pelo cotidiano, sobretudo em São Paulo e Curitiba, quando as autoridades tornam-se incapazes de gerir o complicado, impopular e tecnocrático transporte coletivo "curitibanizado". 

Já pensou se Eduardo Paes tentasse punir as irregularidades da Feital, Oriental e Ocidental se o sistema de ônibus carioca já tivesse padronização visual? Seria um grande desastre. Somente os técnicos e os busólogos com maior intimidade com empresas e fabricantes é que seriam capazes de identificar os ônibus. 

Os passageiros comuns, não. Eles confundirão os ônibus e não saberão direito qual é o ônibus errado, porque todos seriam iguais, seria a mesmice visual que desnortearia sobretudo as classes pobres. Confusão que nem bilhetes únicos nem serviços de telefone celular resolveriam com eficácia definitiva.