quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Enganar busólogos não pode, mas enganar usuário, pode numa boa, não é?



A padronização visual está dando muita dor de cabeça para quem quer pegar ônibus nas cidades em que isso foi imposto. No Rio, as coisas estão ainda piores, já que além de dificultar a identificação dos ônibus através das pinturas, a prefeitura ainda teve que mudar o código de várias linhas, aumentando a confusão.

Para piorar, não se sabe se é proposital ou não, muitos ônibus, mesmo de empresas de nível como a Real, estão rodando com as bandeiras digitais parcialmente apagadas, como se estivessem pifando. Isso além do aumento na quantidade de veículos pifados ou envolvidos em acidentes e da imensa demora na espera de algum ônibus. Coisas que os alucinados fãs do novo sistema do transporte carioca não conseguem enxergar, já que acham que os "cavalos de Tróias" do BRSs e BRTs irão melhorar o sistema como um todo.

Mas alguns que são contra esse sistema, resolveu, para tentar amenizar a decepção com o sistema, de fazer montagens virtuais de novos veículos com as pinturas personalizadas de cada empresa, para imaginar como ficariam esse veículos se a medida autoritária não tivesse sido imposta.

Mas os busólogos pelegos, que defendem o sistema - provavelmente de olho em algum cargo no governo ou prefeitura ou até mesmo em uma carreira política - argumentaram que as montagens não deveriam ser publicadas na internet porque "causariam uma confusão na historiografia de cada empresa". Para eles, muitos busólogos que não conhecem as empresas do Rio ficariam confusos.

Ah, então é assim. Busólogo não pode ficar confuso. Mas usuário pode. Muita gente pegando o ônibus errado ou ter que arregalar os olhos para tentar identificar os ônibus desejados, além de muita gente que se atrapalha ao tentar pegar algum carro estando com pressa, isso é permitido e até louvável, não é? Tudo para manter o modismo dos ônibus de uma cara só.

Padronização é anti-democrática

Padronizar, uniformizar, em qualquer setor, é uma característica de ditaduras. Quem não gosta de dar benefícios a todos sempre coloca uma fardinha ou estipula padrões - na vida afetiva acontece muito - para que apenas uma minoria que siga as regras estipuladas seja beneficiária de direitos mínimos.

O racismo nasceu da padronização. A homofobia também. Preconceitos nascem da rejeição a quem não satisfaz padrões.

Os defensores desse novo e falho sistema dos ônibus do Rio não querem que a população seja bem servida. Para eles, apenas a estética dos belos BRTs e BRSs já basta para deixar a população feliz. Até que o primeiro minhocão quebre no meio do caminho.

Perguntar não ofende

Uma pergunta que até agora ninguém fez, e que faço agora: qual a vantagem de colocar uma pintura só em todas as empresas de ônibus? Só valem respostas convincentes, viu?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Queremos sangue novo na busologia carioca

Comparando a busologia carioca com a busologia soteropolitana, ultimamente tenho notado uma evolução na segunda e uma decadência na primeira. Pensando bastante, acabei chegando a uma conclusão: a busologia soteropolitana se desenvolve graças a mentes novas que surgiram por lá.

Gente como Eduardo Lima, Daniel Brito, Rodrigo Vieira, Franz Hecher, Ícaro Chagas, Felipe Pessoa de Albuquerque e muitos outros, são bem mais novos que eu e têm levado novas ideias para a busologia da capital baiana, unindo a admiração pelos veículos coletivos a preocupação com a qualidade dos serviços oferecidos pelos mesmos, com direito a debates inteligentes e soluções coerentes com a realidade de Salvador. E os busólogos mais veteranos praticamente sumiram, já que pouco faziam para a busologia soteropolitana se desenvolver. Hoje o "sangue novo" faz a busologia soteropolitana acelerar a um milhão por hora.

E a busologia carioca? O que ela está fazendo para desenvolver o hobby na Região Metropolitana do Rio de Janeiro? Brigar, brigar e brigar, além de formar "panelinhas" (grupos unidos de maneira suspeita por interesses em comum), ofendendo - ou alegando estar sendo ofendidos - por causa de ideias contrárias. Muitas vezes quem está errado não quer admitir isso e prefere se fazer de "ofendido", pois admitir erro vai contra a postura arrogante do instinto humano.

Mas porque a busologia soteropolitana se evoluí enquanto a carioca se retrai? Talvez a resposta esteja na falta de "sangue novo" na busologia carioca. Ainda não apareceram novas caras com grande visibilidade e poder o bastante para enterrar a busologia velha.

Um fenômeno que acontece muito no Rio é o dos busólogos-estrelas. Eles fotografam novidades em garagens e postam em seus sites. São muito bem conhecidos e geralmente atraem muitos admiradores. Talvez a existência deles esteja dificultando o surgimento de novos busólogos, que enxerguem a busologia de uma nova forma.

Os atuais busólogos cariocas, além de brigarem entre si, ainda não estão totalmente esclarecidos sobre o que realmente significa serviço de qualidade para o passageiro. Enquanto os soteropolitanos já demonstram um comportamento realista em relação ao BRT, com debates constantes, os cariocas estão deslumbrados com as grandes minhocas de aço, se esquecendo de que a mobilidade urbana não é sinônimo e muito menos se resume a BRT. Sem melhorar o sistema como um todo, o BRT não passará de mera estética para os busólogos admirarem.

É preciso haver novos busólogos se destacando, colocando ideias novas na busologia carioca. A insistência em teimar com pontos de vista equivocados pode estar sendo a principal causa de brigas entre busólogos, já que quem está errado não quer admitir, preferindo acusar o outro de errado. Com isso a busologia carioca vai emperrando e nem adianta colocar ar condicionado em veículos ou instalar o "miraculoso" BRT para tentar melhorar as coisas.

Fico aqui torcendo por novos busólogos que possam colocar a busologia carioca para rodar para a frente. Do jeito que está, o ônibus dos busólogos tradicionais continua emperrado, sem perspectiva de sair do lugar onde está.

domingo, 6 de novembro de 2011

Há um ano, a prefeitura do RJ transformava seus ônibus em propaganda da gestão

Há exatamente um ano, a prefeitura do RJ, na gestão de Eduardo Paes, com o apoio técnico do secretário de transportes Alexandre Sansão, colocava em prática seu plano decidido sem consultar a população, imposto de maneira autoritária e sem competência para tal, de padronizar e reorganizar o sistema de ônibus municipais da capital fluminense.

De início, foi uma revolta, primeiro por parte dos busólogos, que em massa lotaram as caixas de comentários de fóruns protestando contra a medida. Passado o tempo, muitos desses busólogos mudaram de ideia e passaram a gostar e até defender o novo sistema que neste período já demonstra muitíssimas falhas, percebidas apenas por usuários, estes sim, reclamando até hoje.

Essa ideia de padronização surgiu em Curitiba em 1974, por Jaime Lerner, arquiteto urbanista e político, ex-prefeito biônico da ditadura militar. Os ônibus não seriam mais identificados pela empresa, mas por outros critérios, possibilitando um número maior de linhas por cor, dificultando a identificação do ônibus desejado por pessoas analfabetas, com dificuldade de visão ou simplesmente apressadas, passando todas a serem obrigadas a ler as bandeiras detalhadamente.

E se o ônibus for visto de lado, de trás? Se ele tiver a bandeira defeituosa? Se ele passar direto quando eu conseguir identificar a linha? Perguntas que não passaram pela cabeça dos "imaculados" tecnocratas que inventaram o sistema.

Mas o modelo escolhido por Eduardo Paes, prefeito do RJ foi o de São Paulo. A estampa escolhida foi uma de autoria de Carlos Ferro, responsável pelas pinturas da Itapemirim e Util. Ferro é famosos pela pouca criatividade, já que suas pinturas costumam ser bem parecidas. Elementos da pintura da Util e quase toda a pintura da Itapemirim foi colocada no projeto. Estranhamente, Ferro quase não é contratado pelas empresas do Estado do RJ, que usam mais os belíssimos projetos de Álvaro González, amigo nosso e busólogo muito bem informado.

Em setembro de 2010, o projeto foi apresentado, com um Eduardo Paes visivelmente tenso, utilizando uma Torino existente da empresa Real Auto Ônibus (que estranhamente ameaça se extinguir), numerada como 00001. Paes não gostou do bege predominante e sugeriu para que Ferro mudasse para cinza-pardo. E voi-lá. A pintura polêmica já estava definida.

Sem imagem para zelar

Muitas empresas não gostaram da padronização, pois as mesmas foram prejudicadas no setor de marketing. Cada empresa perdeu a sua identidade personalizada, tornando cada uma sem sua imagem de divulgação. Nem a colocação do logo foi permitida, pois Paes decidiu dificultar ao máximo a identificação das empresas, limitando a um nome mal legível embaixo do - dispensável - nome do consórcio.

Sem imagem a zelar, as empresas resolveram relaxar na conservação da frota e na execução do serviço, piorando gradativamente até chegar ao caos de hoje. Até linhas reservadas para um consórcio estão sendo feitas por carros de outro, o que a prefeitura considera ilegal, embora isso não importe para o usuário.

O Rio está na contramão de Salvador, que outrora tinha um sistema de ônibus péssimo, e agora melhora gradativamente, com leis obrigando carros grandes e conservação/renovação constante.

Até a busologia reflete este momento, já que enquanto os baianos se tornam mais informados, cordiais, tirando fotos de altíssima qualidade (raras na época em que eu morava lá), os busólogos cariocas brigam o tempo todo, com cada um defendendo o seu ponto de vista como se fosse um decreto e ignorando os conselhos e os pontos de vista alheios, mesmo com explicação.

Muitos busólogos que elogiam o sistema, não se utilizam dele, por possuírem carros ou simplesmente por utilizarem as linhas melhores servidas. Embora nenhum deles assuma, é natural que busólogos não se preocupem com a qualidade do serviço dos ônibus. O foco deles é na beleza e no aspecto técnico dos veículos. Por não focarem a qualidade do serviço, muitos não veem defeitos no sistema, aprovado pela maioria. Como se um lindo e gigantesco BRT caído do céu feito um OVNI fosse resolver todos os problemas do sistema.

A fatia podre fica com o usuário

Nesta confusão toda, o usuário fica com a pior. É ele que encara de frente os defeitos do sistema. É a pessoa que entra no ônibus lotado após esperar muito, "curtindo" engarrafamentos, assaltos, veículos sendo pifados, entre outros milhares de problemas que somente quem usa esse tipo de transporte conhece muito bem.

E nosso voto de Infeliz Aniversário de um ano a esse grande erro. "Parabéns", Paes. Você não anda de ônibus e nem sabe o que é. Entregar a decisão a alguém que está alheio ao transporte deu nisso. Burros nunca decidem corretamente.

Era melhor ter ficado como estava. Mesmo com os defeitos que tinha. Era bem menos que a quantidade dos atuais.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O BRT chegou! Ele é lindo, grande, maravilhoso... mas e daí?



Finalmente chegou o ultra-desejado e ansiosamente aguardado BRT do Rio de Janeiro. Para a surpresa de todos, quem trouxe foi a empresa Transportes América, que, pelo que se sabe, não serve as áreas das vias expressas que serão inauguradas primeiro.

Todos, inclusive eu, ficaram felizes com a aquisição (apesar de eu não ter gostado muito da pintura, independente dela ser padronizada ou não).

Mas agora o ponto que, pelo que parece, não interessa aos busólogos em geral, muito mais preocupados com a imponência do veículo do que com o seu serviço: esse BRT vai realmente melhorar a mobilidade urbana no RJ?

Houve uma pesquisa que colocou o RJ no primeiro lugar em qualidade na mobilidade urbana. Se referir a quantidade de carros por linha, causando uma redução no intervalo entre os carros na linha, até concordo. Mas se analisar outros aspectos, fica a suspeita de que a escolha foi comprada.

Para quem entende de mobilidade, e eu não sou entendido, embora seja menos passional em relação a isso, o BRT sozinho não resolve nada. Como havia falado em outra oportunidade, o BRT só melhora o BRT. Se não houver um planejamento das linhas e não desglamourizar o automóvel (ainda é forte a crença no status de um automóvel), favorecendo a redução dos mesmos no trânsito, além de parar com essa mania de fechar ruas, criando calçadões gigantescos para forçar idosos e deficientes a andarem mais, o BRT será apenas um engodo lindo de se ver, mas nada eficiente nem eficaz para a melhoria da mobilidade no lugar onde ele for instalada.

E vamos parar de deslumbramento e passar a pensar em melhorias reais. Pois melhorias fictícias, baseadas em crenças não verificadas, é coisa de conto de fadas, de gente que fica acreditando no que não existe.

Aviso a quem gostou do BRT: beleza não põe mesa. Como diz a velha sabedoria.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Busólogos começam a defender falho sistema de ônibus municipal do RJ

O sistema do RJ piorou bastante desde que a prefeitura decidiu colocar o design do remédio Buscopan (Bus?) em toda a frota para fazer propaganda da gestão Eduardo Paes/Alexandre Sansão.

Má conservação da frota, desorganização no número e nos itinerários das linhas, aumento de acidentes e de ônibus quebrados, demora nos horários e outros que não tenho nem tempo nem espaço para colocar.

Como as empresas não têm mais imagem a zelar, já que todas estão com a cara de Viação Buscopan, resolveram relaxar e oferecer um serviço pífio para a população.

Mas na internet, os busólogos, gente que existe só para admirar ônibus e cuja atividade favorita é adivinhar o tipo de chassis de olhos fechados, que no início ficaram revoltados com a padronização visual que extinguiu as belas pinturas que valorizavam os ônibus da cidade maravilhosa, de repente passaram a gostar do novo sistema, inclusive negando os defeitos.

Apesar de quase por unanimidade, os busólogos admitirem que "pensam como usuários", na prática dá para se ver que a bela teoria não existe. Busólogo nem tem a obrigação de pensar como usuário. Só deveria para de mentir.

Usuário presta mais atenção na qualidade do serviço prestado. E pelo que se conversa nas ruas, não há quem tenha gostado do novo sistema, confuso, desleixado e - porque não? - corrupto.

Não quero ofender ninguém, mas a adesão repentina dos busólogos a defesa do novo sistema, dá a entender que Eduardo Paes deve estar montando o seu comitê para 2012. Há busólogos claramente favoráveis à gestão de Paes, chegando a defender com certa agressividade e fanatismo.

Não sei até quando o novo sistema vai durar. Sei que ele lembra muito a encampação feita há 26 anos pelo Governo Brizola, que quase levou as empresas à falência, fazendo-as unir a grandes grupos para se reerguerem.

Não vamos querer que o transporte do município do RJ vá pelo mesmo caminho: direto para o túnel de esgoto.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os busólogos cariocas deveriam assumir quando não pensam como usuários

Antes que a principal comunidade sobre busologia do Rio de Janeiro no Orkut deletasse, fiz uma enquete perguntando se os busólogos pensavam como usuários ou não. Até sumir, o resultado indicava que 100% pensava como usuário. Mas se lermos as postagens nos tópicos da comunidade ou comentários em outros sites, percebemos que isso pode ser encarado como uma hipocrisia. Como assim?

Pensar como usuário, antes de tudo, significa não aceitar os defeitos tão presentes no sistema de ônibus do lugar onde vive. Muitas vezes não é isso que se vê nas comunidades sobre ônibus do Rio, já que ser busólogo na Região Metropolitana Fluminense virou motivo de vaidade e até mesmo de poder.

Muitos busólogos se acham os donos da verdade e não toleram pontos de vista diferentes do seu, e nem sequer tem a vontade de analisar esses pontos de vista para ver se estão certos ou não.

Agora virou moda defender algum defeito quando este se estabiliza. Claro que é apenas uma parte que pensa assim. Mas porque essa parte faz questão de dizer que "pensa como usuário"?

Pelo que parece, "pensar como usuário" é o mesmo que dizer "sou democrático", ou ainda "eu sou bondoso". Em nossa sociedade, ninguém quer posar de malvado para ficar deslocado do resto dos integrantes dessa sociedade. Fingir que está "preocupado com a sociedade" hoje em dia, até envaidece.

Mas se "pensa como usuário", porque a defesa de defeitos no sistema? Observando bem, as defesas se referem a defeitos de empresas e linhas que não são utilizadas pelos que as defendem. Além disso, vários desses busólogos possuem automóvel - simbolo de status social em nosso país - e preferem admirar ônibus como alguém que olha em uma vitrine, sem trocar naquilo que está nela. Fica fácil defender um sistema que não se utiliza.

Era melhor que esses busólogos assumissem que não pensam como usuário. Simples busólogo é uma coisa, usuário é outra. Busólogo não é sinônimo de usuário, embora uma pessoa possa ser as duas coisas juntas. Além disso, um busólogo tem o direito de fazer da vida o que quer, não sendo obrigado a usar aquilo que admira.

Explicando: dá para ser busólogo sem pensar como usuário. Se para essa parte da busologia, ônibus é para ser visto através de sua aparência ou parte técnica, tudo bem. O serviço de ônibus é outro aspecto, que talvez não faça parte da busologia.

O importante aqui é dizer que devemos assumir a nossa verdadeira postura e parar de fingir que somos o que não somos. Se até nem todo que se assume busólogo é busólogo - pois existe o nome "busófilo" para definir os admiradores de ônibus que não entendem da parte técnica, como eu - nem todo admirador de ônibus precisa se assumir como usuário, embora seja preferível que também seja, pois conhecer como o sistema funciona, amplia o conhecimento sobre o transporte em geral.

Mas sinceramente, utilizar a busologia para se auto-afirmar não me parece uma boa ideia. Coisa típica de quem tem auto-estima bem baixa.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pai do BRT é condenado por irregularidades

COMENTÁRIO DESTE BLOGUE: nem o pai dos BRTs escapou das acusações de corrupção. Os busólogos que veem nos BRTs o milagre que vai salvar o transporte brasileiro devem estar tristinhos, ainda mais que ontem foi o dia dos pais.

STJ mantém condenação de ex-governador Jaime Lerner

FOLHA DE SÃO PAULO - DO VALOR ONLINE - Atualizado às 17h34 - 12/08/11



O STJ (Superior Tribunal de Justiça) manteve decisão da Justiça Federal do Paraná que condenou o ex-governador do Estado, Jaime Lerner, a três anos e seis meses de detenção, mais multa, pelo crime de dispensa ilegal de licitação na construção de estradas em seu Estado.

Apesar da decisão, o ex-governador está livre do processo: menos de um mês antes do julgamento do pedido pelo STJ, o juiz de primeira instância reconheceu que o crime já havia sido atingido pela prescrição e declarou extinta a punibilidade no caso.

Lerner foi condenado em razão de um aditivo contratual que estendeu a concessão obtida pela empresa Caminhos do Paraná S/A em 80 km, incluindo trechos da BR-476 e PR-427 não previstos na licitação original.

A rodovia federal estava delegada ao Estado do Paraná por meio de convênio.

Segundo a denúncia, o aditivo teria sido iniciado por proposta da empresa para o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato. Essa proposta teria sido protocolada no DER (Departamento de Estradas de Rodagem) do Paraná um dia antes da assinatura do termo aditivo.

Todo o trâmite teria ocorrido em "tempo recorde".

A condenação remete à segunda gestão de Lerner no governo paranaense. Eleito em 1994 pelo PDT, o governador foi à reeleição pelo PFL (hoje DEM).

Obteve êxito e ocupou o cargo até 2002. Antes, havia sido prefeito nomeado de Curitiba pela antiga Arena por duas vezes, em 1971 e 1979.

Em 1988, se elegeu pela terceira vez, já no PDT. Urbanista renomado, Lerner foi o único brasileiro a constar na lista dos 25 pensadores mais influentes da revista "Times", em 2010. É também consultor das Nações Unidas para assuntos de urbanismo.

DEFESA

A defesa do ex-governador argumentou que, em razão de o réu ter mais de 70 anos, teria ocorrido prescrição.

A denúncia do Ministério Público também seria nula por não descrever as condutas individuais dos acusados, impedindo o contraditório.

PRESCRIÇÃO

O juiz substituto da 3ª Vara Federal Criminal de Curitiba declarou extinta a punibilidade em relação a Jaime Lerner, em razão da prescrição. Segundo ele, a pena aplicada ao ex-governador foi de três anos e seis meses, portanto o prazo prescricional seria de oito anos. Como o réu já tem mais de 70 anos de idade, o prazo é reduzido à metade - quatro anos -, conforme determina o Código Penal.

O juiz assinalou que o fato criminoso atribuído ao ex-governador ocorreu em outubro de 2002 e a denúncia, que interrompe a prescrição, foi recebida em 22 de outubro de 2008. Assim, considerou o magistrado de primeira instância, entre a data do fato delituoso e o recebimento da denúncia, transcorreu período superior a quatro anos sem que mais nada interrompesse a prescrição.

O Ministério Público ainda pode recorrer da decisão.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Eduardo Paes quer demolir paraíso ambiental para colocar BRT no lugar

Eu me lembro de um episódio do desenho do Pica-pau (Woody Woodpecker) em que ele faz de tudo para impedir um operário de demolir a árvore onde mora. O tal operário sempre falava em "progresso" (interessante que para todo tecnocrata, o "progresso" sempre está acima da qualidade de vida - ou está sempre tem que depender desse "progresso") e queria derrubar a árvore de qualquer jeito. Depois de muitas cômicas tentativas de impedir a derrubada da árvore, no final do episódio, a opção foi colocar um viaduto em cima da árvore. Nesta o Pica-pau venceu a batalha.

Mas os pica-paus que vivem no Condomínio Bosque Paradiso, na Taquara, não terão a mesma sorte. O condomínio, criado há poucos anos, é um misto de conjunto residencial com reserva ambiental, com aprovação de especialistas em meio ambiente, será derrubado para dar lugar a uma das vias por onde passarão o festejado BRT que servirá como fachada para dizer ao mundo que o transporte do Rio "melhorou".

Os moradores foram pegos de surpresa pela decisão e prometem entrar na justiça para impedir isto. A obsessão de Paes em colocar o BRT passa por cima de qualquer noção de qualidade de vida, já que o projeto do BRT, além de desalojar os moradores, pode causar um acidente ambiental. Mas para tecnocratas como ele, "qualidade de vida é o BRT e não se fala mais nisso".

Na minha opinião, deveria ser escolhido outra área ou diminuído radicalmente o traçado. Jacarepaguá, região onde fica a Taquara, tem muitas áreas desocupadas que poderiam servir para o trajeto. Mas cá pra nós, ninguém pode colocar o BRT acima do bem estar das pessoas.

O BRT é o consumismo do transporte, um modismo que pode até melhorar alguma coisa mas que nunca pode ser visto como solução definitiva para o transporte. Até gosto do BRT mas não tenho o fanatismo da maioria dos busólogos, que veem o sistema surgido em Curitiba como uma panacéia, quando na verdade é um paliativo. E as outras linhas que não fazem parte do BRT, continuarão sendo servidas de modo ruim?

Me solidarizo com os moradores do Condomínio Bosque Paradiso. Um lugar que coloca em prática qualidade de vida aos seus moradores, não pode acabar para dar lugar a um modismo que traz qualidade de vida só no rótulo. Se for para cancelar essa linha de BRT é até melhor. Fazer os moradores do Bosque Paradiso sofrerem é algo inaceitável.

Tecnologia é bem vinda. Mas quando ela se torna nociva, é melhor abrir mão dela. Preservar o bem estar de seres humanos é muito mais importante que qualquer coisa. E nenhuma merreca paga com indenização tem as condições de devolver o bem estar aos moradores deste belo condomínio.

Mais uma para a coleção de trapalhadas do Senhor Paes. Ninguém aguenta mais ele e sua equipe de tecnocratas fanáticos e insensíveis.

domingo, 3 de abril de 2011

Porque nunca vou aos encontros de busólogos

Muitos busólogos devem estranhar nunca terem me visto presente em algum encontro. Alguns devem até pensar que eu sou fake ou mau-caráter. Não sou. Aliás, o fato de eu não ser já é mais um motivo para eu não ir a esses encontros.

Não vou, por falta de confiança. Sim, não confio em grande parte dos busólogos. Sei que existe muita polêmica entre eles e que a boa parte é composta de pessoas que nunca conseguem entender pontos de vista diferentes do seu. Pior, muitos nunca admitem que estão errados quando realmente estão. O que era para ser um divertimento se tornou motivo de arrogância entre a maior parte.

Já me envolvi em vários episódios desagradáveis com busólogos teimosos. Vou poupar o nome deles - até porque temo pela minha vida: não está escrito na testa deles o que eles são capazes de fazer comigo - , mas muitos possuem grande visibilidade e muitos amigos que podem defendê-los, mesmo sabendo que os busólogos encrenqueiros são gente de índole duvidosa.

Mas existe também o lado bom da busologia. Tenho vários amigos nesse hobby, que realmente demonstraram serem pessoas de bem: Leonardo Ivo, Marcelo Pierre, Zé "Zebuss" Ricardo, Saulo Scoponi, Vitor Hugo Pereira e vários baianos, além de alguns no RJ que no momento eu não me lembro. Se apenas esses fossem, teria o maior prazer de ir aos encontros.

Mas muitos, não todos: é bom dizer - na ânsia de transformar o hobby em negócio e de promover a sua auto-estima às custas dele, acabam por gerar encrencas com vários outros busólogos - essas coisas não acontecem só comigo - e manchando a sua imagem, apesar de não diminuir e muitos menos eliminar a arrogância. A teimosia é o maior obstáculo para o aprendizado.

Portanto, peço desculpas por nunca ter participado de qualquer encontro e digo que não participarei. Não confio na maior parte dos busólogos e sobretudo em quem já se confirmou ser de má índole. Lamento muito que estes de má índole ainda conseguem manter muitos amigos, que não possuem boa noção do que é moral e bons modos (a noção de moral que eles têm deve vir dos hipnotizantes aparelhos de TV, pensando deste modo: "maltratou todo mundo, mas não me maltratou, é meu amigo") e poder na busologia.

Não sou arrogante. Sou uma pessoa pacata, que não gosta de noitadas, bagunça, barulho e faço de tudo para não me meter em encrencas. Brigo só quando me atacam, para me defender e mesmo assim, sem gostar disso. Não bebo, não fumo, e a minha droga mais pesada é doce de leite, meu único vício. Pago sempre as contas em dia e procuro sempre cuidar bem dos objetos que me emprestam ou me alugam. Sou daqueles que acreditam que a felicidade está nas coisas mais simples. Posso até ser rotulado de carola, careta, idiota, mas é assim que me sinto bem.

Pois nunca trago problemas graves para mim e felizmente não tenho dívidas de quaisquer tipos. Sou um cara altruísta e pronto para ajudar quem for, quando necessário.

Portanto, entendam minha posição, me respeitem e façam das suas vidas o que melhor entenderem.

domingo, 27 de março de 2011

Eduardo Paes prefere "temperar comida" com remédio

Eduardo Paes disse em entrevista no rádio, que a diversidade de pinturas dos ônibus, um dos símbolos da Cidade - outrora - Maravilhosa, lembra a pintura de azeite português (no sentido pejorativo). Busólogos e a comunidade portuguesa se irritaram com a declaração.

Paes, pelo jeito deve adorar as embalagens de remédio, sobretudo os do laboratório Boehringer Ingelheim, que inspiraram a estética adotada compulsivamente para a frota municipal carioca.

Eu mesmo sou um apreciador do delicioso azeite português. Quando coloco gotas de azeite português em minha comida, chega a abrir o apetite de tão gostosa que fica a comida temperada desta forma. Ah, saudações ao simpaticíssimo povo português, injustamente alvo incessante de piadas maldosas. Essa de Paes foi mais uma que deixou os portugueses irritados, com muita razão.

Daqui a pouco veremos todas as casas da Lapa sendo pintadas com a insossa cor-de remédio, iniciando uma padronização dos prédios cariocas.

Vejam o que ele mandou fazer quando percebeu que havia duas garrafas de azeite português durante um jantar oferecido por ele:


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Busologia Carneirinho

Pelo jeito, agora que a padronização visual se estabilizou na capital fluminense, trazendo na mochila um festival de erros, pode se dizer que aquilo que eu acreditava ser o verdadeiro objetivo da padronização visual se confirmou: mascarar os erros e dificultar a identificação das empresas. Os erros do novo sistema não param de acontecer e estão deixando os usuários furiosos. E pelo jeito, apenas os usuários.

Aos poucos a maioria dos busólogos vai criando afeto pelo novo sistema, que tem a fachada de "muderno" e só agrada a quem não utiliza o transporte coletivo. Há até a proibição de xingar prefeito e secretário de transportes, o que leva a crer que além de verem o sistema de longe (aterro sanitário, cheio de cores, é até bonito visto de longe), sem utilizar, os busólogos devem estar de olho em algum cargo de confiança bancado pelo prefeito e seu secretário. Coisa feia.

Há alguns busólogos, que como eu, Alexandre Figueiredo, Leonardo Ivo, Marcelo Pierre, e outros poucos, ainda se mantém irredutíveis contra o novo sistema que pelo jeito surgiu para mudar o time que estava ganhando e estragar a jogada do novo time formado. Mas a maioria dos busólogos, aos poucos aplaude o novo sistema alegremente e ainda exige respeito.

Como vou respeitar quem não respeita o usuário? Devo aceitar os erros como estão? Algum desses busólogos-carneirinhos deveria repor o meu dinheiro gasto com um ônibus pego por engano, graças a essa padronização ridícula.

Os defensores do novo sistema falam que os detratores da padronização "só enxergam os aspectos estéticos". Mas as falhas do novo sistema e a inclusão das empresas reprovadas, disfarçadas com novos nomes mostram que padronizar a pintura é uma ótima forma de mostrar que as coisas vão bem nas aparências, quando a realidade mostra que na verdade está o oposto.

Mas como a maioria desses busólogos - espertamente - não anda de ônibus (veículo que , na opinião de vários deles, só serve para admirar), não estão nem aí para as falhas. Quem paga por isso é o usuário, já que os mais indefesos é que ficam com a pior fatia do bolo.

Os busólogos devem estar pensando em dois provérbios: "pimenta nos olhos dos outros é refresco" e "farinha pouca, meu pirão primeiro".

Teremos muitos candidatos a novo secretário de transportes para os próximos anos...