sexta-feira, 3 de maio de 2013

Busólogos não focam qualidade do serviço

Um comentário visto no Facebook de um busólogo de outro estado me fez pensar e me inspirou a escrever esta postagem. Ele, ao comentar uma novidade disse que "o que importa é que o ônibus é bonito e pronto. O resto é detalhe." Não me lembro da frase exata e nem de que novidade ele estava comentando, mas a mensagem era essa mesmo. Vou poupar a identidade do busólogo em respeito ao mesmo.

Alguns outros busólogos estranharam o comentário, mas a maioria entendeu. E não deveria ser estranho, já que na busologia, o que interessa é o veículo em si, não a sua operação. Claro que existem alguns busólogos que se interessam pela parte operacional, mas isso não é atributo da busologia.

Claro que muitos busólogos, para angariarem simpatia, vão dizer que se preocupam sim com a qualidade dos serviços de operação. Mas vão se limitar a soluções prontas e estereotipadas como o BRT ou citar opiniões superficiais a respeito. Mas aprofundar mesmo sobre a operação dos ônibus, somente poucos.

Para a maioria dos busólogos, ônibus só serve mesmo para ser admirado. Muitos nem andam de ônibus, se limitando a tratar este topo de transporte como objeto de admiração, indo aos encontros de automóvel, o que eles fazem normalmente em seu cotidiano.

Por isso não é estranho que, por exemplo, a maioria não se incomode mais com a padronização visual, nome dado a colocação de uniforme nos ônibus, transformando os mesmos em "carros oficiais" de suas prefeituras, algo que vai contra a lei de licitações e antagoniza o atributo de concessão garantido pelas leis municipais, transformando os sistemas em uma encampação enrustida. Isso tem estimulado os empresários a cometer irregularidades, pois a uniformização favorece a ocultação da identidade. 

Para os busólogos, o que interessa é ônibus bonito e possante. Se o uniforme da prefeitura agrada, mantém-se o uniforme. Se o carro é articulado, motor traseiro, refrigerado, piso baixo e outras configurações avançadas, ele pode bater, pode pifar e travar no engarrafamento que está ótimo. Pode até fazer parte de empresas mal administradas (caso do ultra-pomposo e idolatrado BRT do RJ), que ninguém se importa. O que importa é ver ônibus bonito e de configuração avançada. O resto é "detalhe", como o outro diz.

Enfim, para a melhoria da operação e da qualidade de serviços, com a palavra, os usuários. Esses sim sabem melhor para que realmente serve um ônibus, não importando se ele é bonito ou possante.