sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os busólogos cariocas deveriam assumir quando não pensam como usuários

Antes que a principal comunidade sobre busologia do Rio de Janeiro no Orkut deletasse, fiz uma enquete perguntando se os busólogos pensavam como usuários ou não. Até sumir, o resultado indicava que 100% pensava como usuário. Mas se lermos as postagens nos tópicos da comunidade ou comentários em outros sites, percebemos que isso pode ser encarado como uma hipocrisia. Como assim?

Pensar como usuário, antes de tudo, significa não aceitar os defeitos tão presentes no sistema de ônibus do lugar onde vive. Muitas vezes não é isso que se vê nas comunidades sobre ônibus do Rio, já que ser busólogo na Região Metropolitana Fluminense virou motivo de vaidade e até mesmo de poder.

Muitos busólogos se acham os donos da verdade e não toleram pontos de vista diferentes do seu, e nem sequer tem a vontade de analisar esses pontos de vista para ver se estão certos ou não.

Agora virou moda defender algum defeito quando este se estabiliza. Claro que é apenas uma parte que pensa assim. Mas porque essa parte faz questão de dizer que "pensa como usuário"?

Pelo que parece, "pensar como usuário" é o mesmo que dizer "sou democrático", ou ainda "eu sou bondoso". Em nossa sociedade, ninguém quer posar de malvado para ficar deslocado do resto dos integrantes dessa sociedade. Fingir que está "preocupado com a sociedade" hoje em dia, até envaidece.

Mas se "pensa como usuário", porque a defesa de defeitos no sistema? Observando bem, as defesas se referem a defeitos de empresas e linhas que não são utilizadas pelos que as defendem. Além disso, vários desses busólogos possuem automóvel - simbolo de status social em nosso país - e preferem admirar ônibus como alguém que olha em uma vitrine, sem trocar naquilo que está nela. Fica fácil defender um sistema que não se utiliza.

Era melhor que esses busólogos assumissem que não pensam como usuário. Simples busólogo é uma coisa, usuário é outra. Busólogo não é sinônimo de usuário, embora uma pessoa possa ser as duas coisas juntas. Além disso, um busólogo tem o direito de fazer da vida o que quer, não sendo obrigado a usar aquilo que admira.

Explicando: dá para ser busólogo sem pensar como usuário. Se para essa parte da busologia, ônibus é para ser visto através de sua aparência ou parte técnica, tudo bem. O serviço de ônibus é outro aspecto, que talvez não faça parte da busologia.

O importante aqui é dizer que devemos assumir a nossa verdadeira postura e parar de fingir que somos o que não somos. Se até nem todo que se assume busólogo é busólogo - pois existe o nome "busófilo" para definir os admiradores de ônibus que não entendem da parte técnica, como eu - nem todo admirador de ônibus precisa se assumir como usuário, embora seja preferível que também seja, pois conhecer como o sistema funciona, amplia o conhecimento sobre o transporte em geral.

Mas sinceramente, utilizar a busologia para se auto-afirmar não me parece uma boa ideia. Coisa típica de quem tem auto-estima bem baixa.

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