sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PÉSSIMA NOTÍCIA: EDUARDO PAES IMPÔS PADRONIZAÇÃO VISUAL

Em completo desprezo ao interesse público, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, já divulgou o projeto de padronização visual dos ônibus, através de um ônibus sustentado pela Real Auto Ônibus.

As empresas de ônibus perderão autonomia nas linhas, que passarão a ser de responsabilidade de uma paraestatal, denominada "Cidade do Rio de Janeiro", que controlará as linhas e decidirá pela renovação dos carros. As empresas se limitarão, no serviço de ônibus, a responsabilidades técnicas, como manutenção das frotas, e financeiras, como o custeio na aquisição de novos carros. A renovação, no entanto, será decidida pela Prefeitura do Rio de Janeiro, através de uma "avaliação" das frotas das empresas.

A medida também acabará com a busologia como hobby, porque agora só haverá busólogos "profissionais", que visitam garagens de ônibus e almoçam com autoridades e empresários. Uma "panelinha" de busólogos que identifica o chassiz de um ônibus só ao ouvir o ronco, mas que não valoriza os interesses públicos dos passageiros. Só eles poderão identificar com exatidão as empresas de ônibus, porque o resto da sociedade se sentirá confuso na tentativa de identificação.

POVO PODE PEGAR ÔNIBUS ERRADO: BAIXADA SERÁ MAIS PREJUDICADA

O povo do Grande Rio será prejudicado com essa medida arbitrária do prefeito carioca, que provocará uma bagunça no sistema de transporte coletivo carioca. Haverá, aliás, um grande colapso no sistema de transporte coletivo, que passará por uma decadência sem precedentes, que nem os otimistas conseguirão desmentir.

A população mais lesada será a dos municípios da Baixada Fluminense, que utilizam serviços na cidade do Rio. Mas todos correm sério risco de pegar ônibus errado, transtorno que não será compensado pelo Bilhete Único, solução demagógica do sr. Paes, porque a questão não é somente gasto de passagem, mas de perda de tempo e de paciência.

Digamos que uma população de Nilópolis pegue um ônibus para a Pavuna. Na Pavuna, pega o 779, para Madureira, pensando ser o 942, para a Penha, onde tem um hospital em que um parente adoecido esteja inscrito. Digamos que o doente esteja em estado gravíssimo, e morre depois que o 779 já entra em Madureira. Será um sério dano, mesmo que os custos sejam abatidos pelo Bilhete Único.

Há também o risco da violência. Um cidadão que, nas 17:50 de sábado, queira ir para o Maracanã visitar um amigo e está no mergulhão da Av. Alfred Agache para pegar um ônibus. Ele pega o ônibus da 474 Jacaré / Jardim de Alah pensando pegar o 455 Méier / Copacabana e, na proximidade de Triagem, o cidadão, desesperado, decide saltar do ônibus. E, na espera de um ônibus para o Maracanã, ele é assaltado, leva um susto e o assaltante, irritado, o mata.

Como é que fica Eduardo Paes nessa, mesmo com toda a garantia de Bilhete Único?

CURITIBA E SÃO PAULO MOSTRAM TRANSTORNOS COM A PADRONIZAÇÃO VISUAL. FLORIANÓPOLIS BANIU A MEDIDA

A medida de Eduardo Paes surge em péssima hora, quando as cidades de São Paulo e Curitiba mostram indiscutível decadência do transporte coletivo, com transtornos seriamente ligados à uniformização visual, aos chamados "ônibus fardados".

Na Grande Curitiba, o poder concentrado do Estado já influi no declínio do serviço de ônibus, cada vez mais lentos e superlotados. A falta de manutenção fez com que a roda de um ônibus intermunicipal se soltasse, matando uma mulher. Em São José dos Pinhais, a circulação de ônibus sem a exibição de placas indicativas das linhas confunde os passageiros. Mas tanto na Grande Curitiba quanto na Grande São Paulo, são surpreendentemente constantes os casos de passageiros que pegam ônibus errados, causando problemas como morte de doentes a caminho dos hospitais, atrasos no serviço e nos estudos, comprometendo o rendimento no trabalho e no aprendizado.

Além da decadência desse modelo de transporte, que na verdade foi implantado na ditadura militar - chamamos a uniformização visual dos ônibus de "fardamento" e os "ônibus fardados" de Curitiba, pioneira na medida, até parecem com os ônibus das Forças Armadas - , Florianópolis havia encerrado com essa medida há vários anos.

A capital catarinense retomou a diversidade visual, o que fez melhorar a identificação das empresas de ônibus. Apenas duas empresas, Emflotur e Biguaçu, contam com a mesma pintura porque são associadas. Mas até mesmo a Imperatriz, última a adotar o antigo padrão visual de Floripa, também mudou sua pintura.

MEDIDA GERARÁ PREJUÍZO E DESGASTE

Até agora, não são estimados os prejuízos financeiros e morais que a uniformização visual imposta pelo prefeito do Rio irá causar. Sabe-se que serão enormes, mesmo com o paliativo do Bilhete Único.

O provável é que a medida não dure a vida toda e a uniformização visual já demonstre uma medida completamente falida já em 2016. Até lá, transtornos maiores demonstrarão a falência completa da "curitibanização" dos ônibus, contribuindo para o desgaste político das autoridades e o completo ceticismo dos passageiros das classes populares.

Portanto, a medida já nasce com prazo de validade vencido. Só perdurará se as autoridades forçarem a barra, mas o desgaste funcional será tão grande que podemos prever, no máximo, dez anos para que a medida seja banida e resulte na volta da diversidade visual que tanto facilita a percepção do nosso povo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.